ATA DA TERCEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 24-02-2003.

 


Aos vinte quatro dias do mês de fevereiro de dois mil e três, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas, foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Beto Moesch, Cláudio Sebenelo, Elói Guimarães, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Pedro Américo Leal, Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Wilton Araújo e Zé Valdir. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Berna Menezes, Carlos Alberto Garcia, Carlos Pestana, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Darci Campani, Dr. Goulart, Elias Vidal, Ervino Besson, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, Luiz Braz, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Renato Guimarães, Sebastião Melo e Valdir Caetano. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Almerindo Filho, 03 Pedidos de Providências e a Indicação nº 004/03 (Processo nº 0738/03); pelos Vereadores Beto Moesch e João Carlos Nedel, os Pedidos de Informações nºs 025 e 027/03 (Processos nºs 0756 e 0763/03, respectivamente); pelo Vereador Carlos Alberto Garcia, a Indicação nº 005/03 (Processo nº 0767/03); pelo Vereador Haroldo de Souza, 01 Pedido de Providências e a Indicação nº 007/03 (Processo nº 0808/03); pelo Vereador João Antonio Dib, 01 Pedido de Providências e o Pedido de Informações nº 029/03 (Processo nº 0810/03); pelo Vereador João Carlos Nedel, o Pedido de Informações nº 026/03 (Processo nº 0758/03) e a Indicação nº 006/03 (Processo nº 0800/03); pelo Vereador Reginaldo Pujol, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 011 e 012/03 (Processos nºs 0748 e 0749/03, respectivamente). Também, foram apregoados os seguintes Requerimentos, deferidos pelo Senhor Presidente, solicitando desarquivamento de processos: de autoria do Vereador Isaac Ainhorn, com referência aos Projetos de Lei do Legislativo n°s 030/99 e 242/02 (Processos n°s 1181/99 e 3756/02, respectivamente); de autoria do Vereador Marcelo Danéris, com referência ao Projeto de Lei do Legislativo n° 230/02 (Processo n° 3612/02) e ao Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 005/02 (Processo nº 2734/02); de autoria do Vereador Nereu D’Avila, com referência aos Projetos de Lei do Legislativo nºs 262/01 e 030/02 (Processos nºs 3938/01 e 0806/02, respectivamente) e ao Projeto de Resolução nº 090/02 (Processo nº 2402/02); de autoria do Vereador Raul Carrion, com referência ao Projeto de Lei do Legislativo nº 290/02 (Processo nº 3741/02). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios n°s 001/03, do Vereador Joel Bitencourt Serra, Presidente  da  Câmara Municipal de Ijuí – RS; 001/03, do Vereador Claudionor José Dietrich, Presidente da Câmara Municipal de Almirante Tamandaré do Sul – RS; 001/03, do Vereador Vinicius Tomazi Ribeiro, Presiden- te da Câmara Municipal de Caxias do Sul – RS; 001/03, do Vereador Alencar Furlan, Presidente da Câmara Municipal de Sobradinho – RS; 001/03, do Vereador José Carlos de Oliveira, Presidente da Câmara Municipal de Muliterno – RS; 002/03, do Vereador Paulo da Rosa Bonnel, Presidente da Câmara Municipal de Cachoeira do Sul – RS; 002/03, do Senhor Gleno Ricardo Scherer, Presidente do Tribunal de Contas do Estado. A seguir, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Edson Silva, Secretário Municipal Extraordinário de Captação de Recursos e Cooperação Internacional, convidando-o a integrar a Mesa dos trabalhos e concedendo a palavra a Sua Senhoria, que discorreu sobre os motivos da presente visita, ressaltando que a mesma traduz a disposição dos Poderes Executivo e Legislativo em desenvolver relações profícuas e democráticas com o intuito de trabalhar para o bem comum da população porto-alegrense. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Ervino Besson parabenizou a equipe organizadora da 19ª Cavalgada do Mar, realizada do dia dezesseis ao dia vinte e três de fevereiro do corrente, pelo sucesso do evento, destacando a participação do Vereador Elói Guimarães no mesmo. Também, manifestou-se sobre Veto Total aposto ao Projeto de Lei do Legislativo nº 142/01 (Processo nº 2254/01), que institui linha especial de serviço de lotação para o Bairro Belém Novo. O Vereador Elias Vidal teceu considerações a respeito do Projeto de Lei do Legislativo nº 178/02 (Processo nº 2835/02), que propõe denominar Praça Tenente Costa logradouro hoje denominado Praça Bonita, em homenagem póstuma ao Tenente do Exército Paulo Renato da Costa Aquines, vítima de homicídio. Também, informou que protocolizará pedido de abertura de uma comissão especial para debater questões pertinentes à violência e ao consumo de drogas na Cidade. O Vereador Elói Guimarães reportou-se ao pronunciamento do Vereador Ervino Besson, relativo à participação de Sua Excelência na 19ª Cavalgada do Mar, discursando sobre o objetivo da mesma, cujo tema, este ano, foi a mobilização pela paz. Nesse sentido, chamou a atenção para a integração existente entre a comunidade litorânea e os participantes do evento, enaltecendo a presença dos Senhores Vilmar Romera e Antônio Augusto Fagundes na realização do mesmo. O Vereador Dr. Goulart analisou dados pertinentes às verbas estaduais destinadas à saúde pública do Município no ano de dois mil e um, afirmando que, no entender de Sua Excelência, os mesmos não correspondem aos índices divulgados pelo Executivo Estadual naquele período. Ainda, teceu críticas à atuação do Senhor Secretário Municipal de Saúde, no que se refere à aquisição de ambulâncias para o Serviço de Atendimento Municipal de Urgência - SAMU. O Vereador Haroldo de Souza, referindo-se à proximidade da realização do carnaval de rua de Porto Alegre, salientou a importância da criação de uma pista de eventos na Cidade e aludiu ao retorno da administração do Colégio Tiradentes à Brigada Militar. Também, pronunciou-se sobre o Veto Total aposto ao Projeto de Lei do  Legislativo nº 142/01 e  questionou as  providências a serem tomadas pelo Poder Público para debelar o tráfico de drogas ilícitas no Município. O Vereador Ervino Besson, em tempo cedido pelo Vereador João Bosco Vaz, retomou análise do Veto Total aposto ao Projeto de Lei do Legislativo nº 142/01, que institui linha especial de serviço de táxi-lotação para o Bairro Belém Novo, questionando os motivos que determinaram o Veto pelo Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre. Ainda, avaliou a relevância do serviço, objeto do Veto, para os moradores desse Bairro e adjacências. O Vereador Isaac Ainhorn, citando lideranças político-partidárias que apóiam o governo do Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, indagou os motivos que teriam conduzido Sua Excelência à não-adoção, em âmbito nacional, do Programa de Orçamento Participativo. Ainda, informou decisão de desarquivamento de proposição de autoria de Sua Excelência, relativa à regulamentação dessa matéria no âmbito do Município de Porto Alegre. O Vereador João Carlos Nedel, citando reunião ocorrida na Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do MERCOSUL, com a presença de representantes de empreiteiras responsáveis pela execução de obras públicas no Município de Porto Alegre, questionou a não-conclusão das obras do Viaduto Jaime Caetano Braum, da duplicação da Avenida Juca Batista, do anexo do prédio do Hospital de Pronto Socorro e da restauração do Paço Municipal. Na oportunidade, por solicitação da Vereadora Maristela Maffei, foi realizado um minuto de silêncio em homenagem póstuma  aos  Senhores Ercílio  Martinez, do Município de Casca – RS,  Fábio Lazzari, do Município de Farroupilha – RS, Tiago Lopes e André Alves Antunes da Silva, do Município de Erechim – RS, Adilson de Oliveira e Fernando Santos, do Município de Alvorada – RS, Gustavo Filho, José Antônio Machado Gonçalves de Lima, Lauro Pinheiro, José Ferreira Jardim e Paulo Ricardo dos Santos, do Município de Porto Alegre, Elisângela Santos de Mello, do Município de Magistério – RS, José Francisco Leite, do Município de Bagé – RS, Clauber André dos Santos Ribeiro, do Município de Passo Fundo – RS, Elton Amaral, do Município de São Leopoldo – RS, e Luiz Batista Gonzaga Fabrício, do Município de São Borja – RS, vítimas de homicídios e falecidos entre os dias dezessete e vinte e quatro de fevereiro do corrente. Na ocasião, o Senhor Presidente indeferiu Requerimento verbal de autoria da Vereadora Maristela Maffei, solicitando o envio do registro desses falecimentos de vítimas de homicídio aos Senhores Governador e Secretário da Justiça e da Segurança do Estado do Rio Grande do Sul. Também, face Questão de Ordem formulada pelo Vereador Haroldo de Souza, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos a respeito dos dispositivos regimentais que versam sobre a solicitação de um minuto de silêncio para homenagens póstumas durante a realização das Sessões Plenárias. Em PAUTA, Discussão Preliminar, 1ª Sessão, estiveram os Projetos de Lei do Legislativo nºs 038/02, discutido pelo Vereador João Antonio Dib, 214/02, discutido pelos Vereadores João Carlos Nedel e João Antonio Dib, e 228/02, discutido pelos Vereadores João Carlos Nedel e João Antonio Dib, os Projetos de Lei do Executivo nºs 077/02, discutido pelo Vereador João Antonio Dib, e 078/02, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib e Reginaldo Pujol, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 020/02, discutido pelos Vereadores João Carlos Nedel e João Antonio Dib, os Projetos de Resolução n°s 112/02, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib, Wilton Araújo e Zé Valdir, e 113/02, discutido pelo Vereador João Antonio Dib. Na ocasião, face Requerimento verbal formulado pelo Vereador Marcelo Danéris, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca dos critérios regimentais adotados para a inscrição dos Senhores Vereadores no período de  Comunicações e, face Questões de Ordem formuladas pelos Vereadores Marcelo Danéris e Cláudio Sebenelo, prestou esclarecimentos a respeito da sistemática de inscrição para pronunciamentos em Comunicação de Líder. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Isaac Ainhorn, retomando o tema abordado por Sua Excelência no período de Comunicações, reiterou questionamento acerca da não-instituição, pelo Senhor Presidente da República, do instrumento de consulta popular Orçamento Participativo em âmbito nacional. Ainda, defendeu a necessidade de encetar-se, no âmbito deste município, discussão de projeto de lei que formalize o Programa de Orçamento Participativo. O Vereador Cláudio Sebenelo discorreu sobre o relacionamento estabelecido entre os Poderes Executivo e Legislativo Federais, bem como os esforços envidados pelo Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República, a fim de garantir a governabilidade do País. Também, analisou os problemas enfrentados pelo Serviço de Atendimento Médico de Urgência - SAMU - em Porto Alegre, reportando-se à falta de ambulâncias para a prestação desse serviço e outros problemas estruturais do setor. O Vereador Sebastião Melo contraditou críticas apresentadas contra o Senhor Germano Rigotto, Governador do Estado do Rio Grande do Sul, acerca de medidas adotadas por Sua Excelência, relativas aos mecanismos de participação popular na elaboração do Orçamento estadual. Ainda, criticou as políticas habitacionais implementadas pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre, mencionando problemas enfrentados por ocupantes de área de propriedade do Montepio dos Funcionários do Município de Porto Alegre. O Vereador Wilton Araújo abordou notícias veiculadas pela imprensa, alusivas à decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no sentido de cancelar o controle sobre os preços de duzentos e sessenta medicamentos, externando sua contrariedade a essa medida. Nesse sentido, afirmou que o Governo Federal tem a função de agente regulador dessas relações comerciais, de maneira a defender os interesses da população brasileira frente à indústria farmacêutica. O Vereador Raul Carrion relatou as providências que estão sendo adotadas pela Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação, no sentido de buscar soluções para os problemas  enfrentados  por  famílias ocupantes de área de propriedade do Montepio dos  Funcionários do  Município de Porto Alegre, contra as quais foi expedi- do mandado de despejo, afirmando que a Comissão está encaminhando, junto às diversas instâncias governamentais, uma solução alternativa, de modo a impedir que essas famílias fiquem desabrigadas. O Vereador Marcelo Danéris, referindo-se aos pronunciamentos hoje efetuados pelos Vereadores Isaac Ainhorn e Sebastião Melo, discorreu sobre os principais elementos constitutivos dos conceitos de democracia direta e participação popular, conforme estão concebidos na atualidade. Nesse sentido, historiou as políticas de participação popular implementadas pelos Governos Federais e Estaduais ao longo da história recente do País, defendendo o modelo político implementado pelo Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República. O Vereador Beto Moesch discorreu sobre obra realizada pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre, nas imediações da Avenida Diário de Notícias, destinada a viabilizar o esgotamento pluvial e cloacal da região, afirmando que tal obra não obteve licenciamento dos órgãos ambientais competentes. Nesse sentido, informou que a referida obra está suspensa, em razão de decisão em caráter liminar prolatada em Ação Civil Pública promovida pelo Ministério Público Estadual. O Vereador Carlos Alberto Garcia mencionou os problemas enfrentados pela população porto-alegrense, causados pelos alagamentos que ocorrem em diversos locais da Cidade, lembrando que este Legislativo procurou atuar para a solução desses problemas, através da destinação, na Lei de Diretrizes Orçamentárias, de um maior volume de recursos para o Departamento Municipal de Esgotos Pluviais - DEP. Também, defendeu o Projeto de Lei do Legislativo nº 201/02, de autoria de Sua Excelência, que institui o Disque-Solidariedade. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação, esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 123/02, o qual teve sua discussão adiada por uma Sessão, a Requerimento, aprovado, de autoria do Vereador Wilton Araújo. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 183/02. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Resolução nº 105/02, após ser encaminhado à votação pelo Vereador Carlos Alberto Garcia. Foi aprovado o Requerimento nº 025/03 (Processo nº 0826/03 - Moção de Apoio à manutenção do Consulado de Portugal em Porto Alegre), de autoria do Vereador Raul Carrion, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Reginaldo Pujol, Elói Guimarães, Raul Carrion, Cláudio Sebenelo, Carlos Alberto Garcia e Darci Campani. Na ocasião, o Vereador Marcelo Danéris formulou Requerimento verbal, solicitando a suspensão dos trabalhos da presente Sessão. Ainda, foi apregoada a Indicação nº 008/03 (Processo nº 0828/03), de autoria do Vereador Aldacir Oliboni, tendo o Senhor Presidente, face Questão de Ordem e manifestações formuladas pelo Vereador Reginaldo Pujol, prestado informações  sobre a matéria. A seguir, face  Questão de Ordem formulada pelo Vereador Cláudio Sebenelo e manifestações dos Vereadores Marcelo Danéris e Carlos Alberto Garcia, o Senhor  Presidente prestou esclarecimentos sobre os trabalhos da presente Sessão. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Dr. Goulart discorreu sobre as linhas de ação do PDT e a identificação dessa agremiação com causas brasileiras, tais como a educação e a defesa dos interesses de negros, índios e mulheres. Ainda, apoiou a implantação dos Centros Integrados de Educação Pública - CIEPs - e criticou a postura do Senhor Leonel de Moura Brizola em relação ao PDT no Rio Grande do Sul. O Vereador Carlos Pestana comentou o pedido de desarquivamento do Projeto de Lei do Legislativo nº 153/02 (Processo nº 2585/02), de autoria de Sua Excelência, que institui o Dia da Democracia Participativa. Ainda, lamentou a desativação do Programa de Orçamento Participativo pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul e enalteceu as iniciativas do Departamento Municipal de Habitação – DEMHAB – na assistência a famílias de baixa renda. O Vereador Cláudio Sebenelo, referindo-se ao Programa de Orçamento Participativo, propôs uma visão não-ideológica dos assuntos afetos à Administração Pública, e defendeu a plural representação no processo de consulta popular. Ainda, elogiou o posicionamento do Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República, ao ter Sua Excelência convidado representantes do PMDB a participarem do Governo Federal. O Vereador Darci Campani reportou-se ao teor do pronunciamento, em Grande Expediente, efetuado pelo Vereador Cláudio Sebenelo, considerando salutar a coexistência da democracia representativa e de sistemas de participação popular, como o Programa de Orçamento Participativo. Também, defendeu a existência de autonomia para o Poder Executivo, em todas as suas instâncias, para implementar mecanismos de consulta popular e manifestou-se acerca das políticas públicas de privatização de empresas e terceirização de serviços. O Vereador Marcelo Danéris manifestou-se sobre o teor do discurso, em Grande Expediente, do Vereador Cláudio Sebenelo, enfatizando ser o Programa de Orçamento Participativo uma iniciativa adicional ao processo de elaboração das leis orçamentárias. Também, negou haver manipulação ideológica, por parte dos integrantes do PT, no Programa de Orçamento Participativo e lembrou existirem militantes de vários partidos políticos envolvidos nas atividades desse Programa. Às dezessete horas e cinqüenta e quatro minutos, constatada a inexistência de quórum, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores João Antonio Dib, Elói Guimarães e Luiz Braz e secretariados pela Vereadora Maria Celeste. Do que eu, Maria Celeste, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Srs. Vereadores, tendo recebido no meu gabinete o Secretário Edson Silva, da Secretaria Extraordinária de Captação de Recursos, eu o convidei para que comparecesse ao Plenário apenas para fazer uma saudação aos Srs. Vereadores.

Convido o Sr. Secretário Edson Silva a tomar assento aqui ao nosso lado.

Ainda que eu tenha, no momento da votação da criação da Secretaria Extraordinária de Captação de Recursos, votado contrariamente a ela, eu entendo a importância da mesma, eis que recursos são trazidos a Porto Alegre por intermédio da Secretaria, hoje comandada pelo Secretário Edson Silva.

Saúdo-o por sua presença neste Plenário, e os Vereadores, tenho certeza, fazem o mesmo. Eu gostaria que V. Ex.ª se dirigisse, da Mesa, aos Srs. Vereadores. A palavra está a sua disposição.

 

O SR. EDSON SILVA: Ex.mo Sr. Ver. João Antonio Dib, Presidente desta Casa; ilustres Vereadores e Vereadoras; é uma deferência que me honra muito o Presidente João Antonio Dib me propiciar esta saudação que será absolutamente sintética, curta.

Eu assumi há pouco a Secretaria Extraordinária de Captação de Recursos, atendendo convite do Prefeito João Verle, e quis, até orientado pela determinação do Prefeito João Dib, do Prefeito João Verle, cultivar uma relação saudável e respeitosa com a Câmara de Vereadores, quis fazer esta visita ao Presidente da Casa, uma visita de cortesia, da minha parte, cortesia que foi triplicada pelo gesto de convivência democrática do Presidente da Casa, que, certamente, traduz a disposição de cada Vereador e Vereadora desta nossa importante instância da prática da democracia que é a Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Ver. João Antonio Dib, muito obrigado pela deferência. Quero reiterar aos Srs. Vereadores e  às Sr.as Vereadoras a disposição do nosso Poder Executivo em desenvolver relações cada vez mais profícuas e integradas entre esses dois Poderes, que têm extraordinárias responsabilidades frente ao nosso povo de Porto Alegre e frente à democracia que esta Casa sempre soube cultivar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Secretário Edson Silva, a Câmara agradece a sua presença. Quero-lhe dizer que nós, Vereadores de Porto Alegre, sempre estamos ao lado do povo de Porto Alegre, conseqüentemente ao lado do Executivo quando os problemas dizem respeito à nossa Cidade. Nós é que agradecemos pela sua presença.

Eu peço ao Ver. Elói Guimarães que acompanhe S. Ex.ª, o Sr. Secretário Edson Silva.

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Ervino Besson está com a palavra por cedência de tempo do Ver. Dr. Goulart em Comunicações.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente Ver. João Antonio Dib; Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras; senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias, pessoas que nos assistem pela TVCâmara, quero saudar a todos. Primeiramente, quero saudar aqui, de uma forma muito cordial, toda a equipe de cavaleiros que fizeram o trajeto do Litoral, a partir de Torres até Dunas Altas. Foram aproximadamente dois mil e quinhentos cavaleiros, que fizeram esse percurso durante mais ou menos oito dias.

Tivemos oportunidade, no último sábado, de acompanhar a Cavalgada no percurso de Cidreira, Pinhal, Magistério e uma parte até a Praia de Quintão. O que vimos? As pessoas tiveram oportunidade de assistir àquele desfile dos cavaleiros, que contou, inclusive, com a presença do ilustre Vereador desta Casa, Elói Guimarães. Foi um dia que marcou a história do nosso Litoral. E o que se viu, Ver. Elói Guimarães, e V. Ex.ª também, como já disse, se fez presente, foi grande parte da população aplaudindo, a maioria das pessoas, muitas delas, emocionadas. Quero fazer este registro e parabenizar os organizadores, pois esse evento no nosso Litoral foi feito de uma forma marcante. Mais uma vez, o Vilmar Romera, com sua Liderança, o Armando, enfim, toda aquela equipe organizou o desfile. Eu acredito que esse evento ficou marcado e ficará marcado na história, e temos certeza de que, nos próximos anos, conforme informações, haverá um crescimento desse percurso, de todos os piquetes e CTGs que fazem parte dessa apresentação e fazem com que a população que está na beira da praia a acompanhe de forma muito cordial. Ver. Elói Guimarães, fica aqui esse registro em nome das nossas praias: Pinhal, Cidreira, Quintão, onde temos conhecimento de muitas pessoas, e temos visto e acompanhado esse evento que ficou marcado de uma forma muito positiva. Um abraço e parabéns a toda aquela equipe!

Gostaria também de fazer um registro a respeito do Veto Total ao Projeto do Ver. Sebastião Melo, que trata da criação da linha de táxi-lotação de Belém Novo, inclusive com Substitutivo deste Vereador. O Projeto teve apreciação do nosso Prefeito Municipal e foi por ele vetado totalmente. Eu retornarei a esta tribuna e quero, de uma forma mais clara, pronunciar-me a respeito desse Projeto, para que a Casa tome conhecimento dele, para que possamos estudar uma forma de discuti-lo mais amplamente, inclusive com o Prefeito Municipal e com a comunidade, que está, ao longo dos anos, reivindicando essa linha de táxi-lotação. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Elias Vidal está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ELIAS VIDAL: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, outro dia falei daqui da tribuna sobre uma área em que já há alguns anos estamos atuando, e nossa intenção é trabalhar durante o tempo em que permanecermos aqui nesta Casa com essa bandeira, com a qual lutamos desde 1980, que é a questão da dependência química. V. Ex.as vão ouvir muito eu falar sobre esse assunto. Na última vez que falei, aqui, disse que não iria esgotar o assunto, até porque tem muita coisa nessa área e vamos precisar de muito tempo para discutir, trazer idéias, sugestões para trabalhar com os colegas Vereadores. Alegro-me muito, porque percebo que há muitos Vereadores preocupados com a questão das drogas.

Levei para casa, pela Comissão de Educação, Esporte e Cultura, uma pasta para analisar e assinar, caso eu concordasse. Trata-se de um Projeto de Lei do Ver. Beto Moesch sobre uma praça de Porto Alegre  que está abandonada. Uma situação dramática que aconteceu com aquele ex-Tenente falecido há alguns anos, aquele tenente que tentou defender os passageiros e que foi morto. Levei a pasta para casa, e estava analisando o Projeto de Lei quando o Ver. Beto Moesch entrou com um pedido de troca de nome da praça; a família também entrou em contato com o Vereador, como a praça está abandonada, a família pediu para cuidar dessa praça, e num gesto de carinho ao falecido que trocassem o nome de Praça Bonita para Praça Paulo Roberto Aquines. E estava em casa, lendo o Projeto e me interessei muito, e quando chegou aqui o atestado de óbito, você está com um papel na mão, mas na realidade, é a vida de uma pessoa que se foi, que se esvaiu. Estava lendo aqui todo o histórico do ex-Tenente, quanto tempo de estudo, quanto tempo de pesquisa, quantos cursos! Estava ele no oitavo ano da última faculdade que estava fazendo – mais uma faculdade – e, de repente, o indivíduo sumiu, evaporou, morreu como conseqüência da violência de três adolescentes! E aí, quando eu li aqui no atestado de óbito que médico legista disse que ele morreu por uma “hemorragia interna consecutiva à laceração cardiopulmonar por projéteis de armas de fogo”, isso aqui me deu um arrepio na espinha, porque V. Ex.as, já posso dizer meus amigos Vereadores, sabem que eu estou vivo por um milagre, porque eu levei um tiro no pescoço, que saiu no pulmão! Então, eu sei a dor de um projétil! Eu sei o que é uma bala entrar pelo corpo arrebentando os órgãos, isso eu já senti. Eu sei o que é cair no chão, tombado, sangrando, tetraplégico, isso eu sei; se vocês não sabem, eu sei!

Aí, eu pensei assim: pôxa, aqui está o atestado de óbito de uma pessoa; podia ser o meu atestado de óbito! Ou de outro, quem sabe, poderia ser do Ver. Beto Moesch ou um outro nobre colega poderia estar aqui, quem sabe, com um outro Projeto de Lei para colocar o meu nome numa praça! Numa praça! Uma vida se transformando numa placa de praça!

Bom, tudo isso tem a ver com droga, tem a ver com violência, que é a área que eu venho trabalhando, já, desde agosto de 1980, quando fui estudar em São Paulo e não parei de lá para cá.

Vi aqui uma reportagem que estava inclusa na pasta do Projeto de Lei do Ver. Beto Moesch. (Lê.) “Ex-Tenente morre ao reagir a assalto”. Um herói, está de parabéns pela iniciativa, Vereador, porque, pelo menos, sobra aqui o consolo de uma pessoa que tentou fazer alguma coisa.

E o tempo passou, alguns anos, e eu estou aqui com o atestado de óbito de um porto-alegrense. Agora, eu gostaria, nesses poucos segundos que tenho ainda, que nós, Vereadores, pudéssemos usar um pouco mais esta tribuna, um pouco mais este tempo tão nobre, tão caro, pago pelos contribuintes para que de alguma forma o que falarmos e o que fizermos aqui dentro possa ter um significado lá fora que faça alguma diferença. Eu fico um pouco aborrecido, até com vontade de sair, muitas vezes, daqui do Plenário, quando vejo, às vezes, discussão com relação a questões que não têm nada a ver com a pessoa, que não fazem a mínima diferença para quem está lá fora, para quem está caído no chão, para quem leva um tiro, para quem é vítima da violência.

Nós estamos entrando com o pedido de uma Comissão Especial para lidar com a questão das drogas e da violência. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, agradeço pelas palavras generosas e amigas do Ver. Ervino Besson que falou sobre a Cavalgada do Mar que se encerrou neste domingo, na Granja Vargas, no município de Palmares.

Este ano foi adotado como mote, como lema da Cavalgada, a paz, exatamente diante das grandes preocupações que a sociedade tem com todos os acontecimentos que o mundo acompanha. Então, foi a oportunidade que nós tivemos, passando por milhares e milhares de pessoas, porque ela inicia em Torres e, durante uma semana, percorre 240 km, na velha costa marinha, passando por multidões e multidões.

Eu posso dar aqui o depoimento de que a população, de um modo geral - há unanimidade -, compreende o papel, o significado e o sentido de uma cavalgada, por exemplo, como a Cavalgada do Mar. Talvez no mundo não se tenha notícia de tantos homens a cavalo. Chegou-se, em um determinado momento  em que se disse ter mais de dois mil homens a cavalo - homens e mulheres, jovens, crianças e homens idosos. Então, é toda uma integração que se faz nessa Cavalgada, que é a maior cavalgada talvez hoje da história, onde se faz todo um processo de integração, não só com aqueles que participam como de resto faz uma interação com a população, a sociedade de um modo geral. E neste ano nós levantamos bem alto o Estandarte da Paz. E quando se fala em paz, se fala em liberdade, se fala em democracia, se fala em justiça. Nós queremos aqui registrar e cumprimentar - eu tive um certo papel na coordenação da cavalgada -, basicamente o grande trabalho que fez o Vilmar Romera, esse homem da comunicação nativista, e destacar aqui a figura do querido Nico Fagundes. Olha, Ver. Ervino Besson, V. Ex.ª não imagina como dissemos versos por esse costado de mar, o Nico Fagundes que é uma pessoa que todos sabem que ele está com problema de saúde, mas agüentou, historicamente como um verdadeiro taura, toda a Cavalgada do Mar. Uma coisa que nos impressionou sobremaneira. Então, nós queremos registrar e dizer que nós de certa forma representávamos a Câmara, como Vereadores, porque onde eu tive a oportunidade de falar e fazer algumas pajadas, eu não me cansei de homenagear, falar na nossa Câmara Municipal. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Sou grato Ver. Elói Guimarães. O Ver. Dr. Goulart está com a palavra, por cedência de tempo do Ver. Ervino Besson, em Comunicações.

 

O SR. DR. GOULART: Sr. Presidente, Ver. João Dib, Sr.as Vereadoras, Srs. Vereadores, que espetáculo que é o encaminhamento da saúde, é um espetáculo, Ver. Haroldo de Souza, é um espetáculo de desconhecimento! E o interessante é que entrou uma nova ideologia no Governo, e eles também estão um pouco perdidos nos números. Eu demorei a chegar a este Plenário, porque estava aguardando a Secretaria Estadual de Saúde, para me socorrer numa possível modificação que houvesse nos percentuais aplicados na saúde, conforme o grande e promissor Líder Marcelo Danéris tinha se pronunciado aqui. O Ver. Marcelo Danéris nos acenou com dois dígitos, nos acenou com mais do que 10%, que é o que a Constituição manda os Estados fazerem, mas os dirigentes da saúde têm sido realistas, e não querem ainda que o determinado pela Emenda Constitucional n.º 29, que foi aprovada, seja colocada de uma vez por todas no Orçamento da Saúde. Eles vão crescendo: é 9,8% neste ano, 10,2% ano que vem, até atingir os 12,5% que o Estado vai ter que dar, por emenda constitucional.

Então, queria dizer ao Ver. Marcelo Danéris que eu sabia que era muito menos do que o que foi dito o que o Estado aplicou na saúde municipalizada no Rio Grande do Sul. Não chegou nem à metade daquilo que V. Ex.ª foi informado. Sei que V. Ex.ª teve essa informação através de sua Assessoria, e a sua Assessoria tem que dar uma olhada nos números que realmente foram investidos: 7,1% em 2001 e, agora, em 2002, eles não sabem direito quanto é que foi. Imagina-se, pelos dados da Fazenda, que está perdida também, que não chegou a 6,7%. Então, passei todo o tempo entrando na Internet, entrando na Saúde, entrando na Fazenda, entrando no próprio Orçamento do Estado e essa informação do número percentual exato que foi investido na saúde é um mistério, é um segredo, é secreto. Claro que sabemos os números que foram empenhados, mas o número que vem empenhado quem trabalha com o Executivo sabe que não é o mesmo que foi cumprido, não é o mesmo que foi pago, é sempre muito abaixo, muito diferente do que foi pago. É evidente que existem erros e que as aplicações não têm sido as que se imagina. Investimentos, por exemplo, esse dado tem 0,87% do Orçamento foi o investimento feito em saúde, não chegando a 1% de investimento. Então, não consegue se socorrer, absolutamente, de valores no Estado o município de Porto Alegre. Não consegue se socorrer qualquer outro município, porque não são aplicadas as verbas definidas pela Constituição, definidas pelas emendas constitucionais.

Imaginamos que o Secretário da Saúde tenha dito por que não comprou ambulâncias? Porque lhes faltou dinheiro! Mas só que o Orçamento, mesmo sendo vilipendiado na sua passagem, permite que se compre uma ambulância a mais, pelo menos uma ambulância a mais. Nas grandes metrópoles tem que ter uma ambulância medicalizada, implementada com insumos de UTI – segundo informa o Secretário Joaquim Kliemann –, uma para quatrocentos e cinqüenta mil almas. Uma ambulância para cada quatrocentos e cinqüenta grupos de pessoas. Nós temos três ambulâncias medicalizadas, teoricamente está equilibrado. Mas, em determinado momento faltou uma, então o Secretário poderia ter comprado mais uma porque não custa mais do que 110 mil reais. O que é isso em termos de Orçamento e em termos de estrutura governamental? É muito pouco! Nós poderíamos ter, sim, mais uma UTI móvel. O grande problema que não se compra é porque não tem para onde levar. Levar para onde, Presidente  João Antonio Dib? Não tem UTI para as pessoas que podem ficar doentes em Porto Alegre. Ver. Marcelo Danéris,  socorra-me! Porque os números não estavam certos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente João Dib, Vereadores, Vereadoras. É começo, novamente, de exercício nesta Casa e, mais uma vez, estamos às voltas com os mesmos problemas do ano passado. Aqui, próximo, temos o carnaval que se aproxima e já está a confusão formada com o trânsito, em virtude da pista improvisada ser armada de novo, e será armada em 2004, 2005, 2006, 2007, 2009, 2010, 2011 e até que se crie vergonha na cara e tanto o Executivo como o Legislativo se reúnam e decidam de uma vez por todas onde é mesmo que vai ser feita a pista de eventos do carnaval de Porto Alegre.

Chega de ladainha! Que coisa mais horrorosa cada vez que chega o carnaval! Eu duvido que, durante os festejos de Momo, nós, Vereadores, Prefeito Municipal, Vice-Prefeito, Governador do Estado não estaremos ali pelos camarotes especiais assistindo ao desfile da escola de samba e afirmando: “O ano que vem esse problema será resolvido.” Vem sendo assim e assim continuará sendo até que todos nós, inclusive eu, tomemos um pouquinho de vergonha na cara e decidamos sobre esse problema, porque é profundamente lamentável que uma Capital como Porto Alegre, mais uma vez, esteja de frente com problema de trânsito, nas cercanias, num lugar onde o trânsito realmente é muito corrido, é apertado na hora do pique e nós tenhamos uma avenida de escoamento, tão importante como essa, interditada.

Quem sabe a gente deixa ali o desfile da escola de samba, a pista de eventos em definitivo? Deixem armadas ali, como estão, as arquibancadas, liberem a pista e fica permanentemente a pista. Não é possível! Nós não falamos que Porto Alegre é uma cidade evoluída, que politicamente damos exemplo para o País e há quantos anos se arrasta esse negócio da pista de eventos e não temos capacidade de resolver esse problema. Por favor, não está na hora?

Eu quero cumprimentar o Governador do Estado que devolveu o Colégio Tiradentes para a Brigada Militar. Até que enfim, reparando um erro grosseiro, um erro rasteiro do Governo anterior para com essa que é uma das grande instituições de segurança deste País.

Como é que se explica esse Veto Total da Linha Táxi-Lotação para Belém Novo? O pessoal que mora em Belém Novo não tem direito a táxi-lotação? Por quê?

 

O Sr. Marcelo Danéris: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Haroldo de Souza, só para justificar o Veto nesse Projeto é que durante a votação do Projeto BNDES/Carris, no final do ano passado, o Ver. Reginaldo Pujol, junto com o Ver. Sebastião Melo, apresentaram emendas ao projeto que beneficia, como prioridade, Belém Novo, Lomba do Pinheiro, Restinga, com o Projeto de Táxi-Lotação, ônibus mais articulados, mais linhas. Foi tudo votado dentro do Projeto BNDES/Carris. Já naquela época nós avisávamos que, portanto, aprovada aquela emenda, nós vetaríamos esse Projeto com o acordo dos Vereadores.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Vai acontecer ou não? É rápido e rasteiro, vai ter lotação para Belém?

 

O Sr. Marcelo Danéris: Vai ter, por isso que foi vetado.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Isso é o que importa. Porque números, artigos, eu sou meio contrário a isso, eu gosto mais da praticidade.

Falamos muito em drogas, violência, mas como é que vamos resolver o problema das drogas Ver. Pedro Américo Leal, se as drogas chegam no morro para o pobre coitado vender? Mas vêm de onde? Quem é que banca essas drogas desses guris que vão vendê-las nas portas dos colégios? Enquanto estiver pegando o cidadão que está com um “fininho” no bolso, enquanto estiver pegando o cidadão que estiver com meio quilo de maconha, não vão resolver. Tem que pegar o cidadão que tem mansões espalhadas por este Brasil, e que são os verdadeiros traficantes, o resto é “conversa mole para boi dormir” e para passar mais um ano de exercício sem fazer coisíssima nenhuma a respeito desse assunto.

A preocupação do Ver. Elias Vidal a respeito das crianças e das drogas, é uma preocupação de todos nós. Mas de que forma vamos resolver isso, se o problema, se a raiz da questão está num outro lugar totalmente diferente que esses que são atacados?

É muito fácil a Brigada Militar pegar ali na Esquina Democrática, pegar na Praça XV ou pegar no começo de um morro qualquer de Porto Alegre alguém vendendo 10, 20 gramas de maconha. E daí, qual é o problema? E o grosso da muamba, da droga, como é que vão fazer para pegar? E se sabem quem é, realmente, que traz essa droga lá do Mato Grosso, da Bolívia e da Colômbia? Esses não vão para a cadeia? Mas, quando é que eles vão para a cadeia? Sabemos que eles não irão para a cadeia. Então, por favor, vamos ter que pensar de uma maneira diferente.

Quero agradecer o Ver. Pedro Américo Leal que me manda aqui, sobre a Comissão de Educação e Cultura, a respeito do meu Projeto que fala no ensino de 1.º Grau. Eu vou ler com atenção para poder focalizar esse assunto, mas já vi que tem toda e absoluta razão, mais uma vez o meu querido Pedro Américo Leal.

Estou triste, porque eu tenho uma família que mora aqui perto da Ilha do Pavão que disse que queria entrar na Fome Zero, do Lula. Mas eles são em cinco e disseram que 50 reais não dá, 50 reais por mês para alimentar cinco pessoas não dá. Não tem jeito! Ele disse que já nasceu morto. Porque é preciso criar emprego. E onde estão os cem milhões de empregos que iriam criar rapidamente?

Outra coisa que me entristece muito na política é que enquanto você está no palanque é uma coisa, depois que você vai para lá a prática é outra. Eu que tinha “Lulado”, não “Lulei” mais, não!

Elevação de juros. Manutenção da CPMF. Estudo para aumentar a alíquota do Imposto de Renda de 27% para 35%. Eu, fora! Todos são iguais! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra e faz permuta de tempo com o Ver. João Bosco Vaz. O Ver. Ervino Besson está com a palavra por cessão de tempo do Ver. João Bosco Vaz em Comunicações.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, eu retomo o assunto a respeito do Veto Total do Prefeito Municipal João Verle à criação da linha de táxi-lotação Belém Novo.

Quero dizer aos nobres pares que este Projeto de Lei do Ver. Sebastião Melo, que entrou inclusive após o Substitutivo deste Vereador, não surgiu do nada. Eu gostaria de reabrir a discussão deste Projeto de Lei nesta Casa juntamente com o Executivo Municipal.

 

O Sr. Marcelo Danéris: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Ervino Besson, eu quero justificar, até para ajudar V. Ex.ª com o tempo, para que V. Ex.ª possa tratar de outro assunto. Eu tinha já justificado ao Ver. Haroldo de Souza sobre o mesmo tema. No final do ano passado, nós votamos o Projeto BNDES/Carris. Dentro deste Projeto, com uma Emenda do Ver. Reginaldo Pujol e, se não me engano, com uma Emenda do Ver. Sebastião Melo ou, de acordo com o Ver. Reginaldo Pujol, foi agregado esse Projeto aí no Projeto BNDES/Carris. Portanto, Lomba do Pinheiro, Restinga, Belém Novo, todas essas regiões têm prioridade na instalação de lotações e também de mais linhas de ônibus, com maior capacidade. Como foi aprovado no Projeto BNDES/Carris, na época nós decidimos vetar esse Projeto que está na sua mão, porque ele já está contemplado no Projeto BNDES/Carris. Só por isso foi vetado.

 

A Sra. Maristela Maffei: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, na Lomba do Pinheiro isso já está resolvido, nós já estamos com táxi-lotação.

 

O SR. ERVINO BESSON: O Vereador Líder da Bancada do PT deu a sua versão, mas quero dizer a V. Ex.as que a Ver.ª Maristela Maffei, que é oriunda, que é uma líder daquela comunidade da Lomba do Pinheiro, por trabalho dela, por reivindicação dos moradores, acabou de confirmar que tem uma linha de táxi-lotação. Portanto, Vereadora, V. Ex.ª que conhece os problemas, como nós, que somos oriundos da Zona Sul de Porto Alegre, sabe que a população que nos elegeu nos cobra as suas reivindicações, e é por isso que estou defendendo esse Projeto. O Governo Municipal vetou o Projeto na sua totalidade, mas nós queremos que a população fique sabendo que essa comunidade foi contemplada com uma Emenda do Ver. Reginaldo Pujol, e, conforme o pronunciamento do Vereador Líder da Bancada do PT, serão criadas outras linhas, na Lomba do Pinheiro, em Belém Novo e não sei em qual outra localidade.

Quando a comunidade reivindica algo é porque há necessidade. Sabemos do crescimento da Zona Sul de Porto Alegre; os vazios urbanos que existem na cidade de Porto Alegre praticamente todos estão localizados na Zona Sul de Porto Alegre. Há um grande crescimento de edificações naquela região. A comunidade reivindica e, como fomos eleitos pela comunidade, nós temos de trazer para esta Casa.

Portanto, sugiro, conforme o depoimento do Líder da Bancada do PT, que nós façamos uma reunião com essa comunidade, onde vamos incluir a comunidade de Belém Novo também, porque, como foi dito pelo Líder da Bancada do PT, a comunidade também será atendida por uma linha de táxi-lotação, para que a comunidade tome conhecimento de que será atendida em seu pedido, em sua reivindicação.

É difícil para nós dizer para a comunidade: o Projeto foi aprovado e foi vetado pelo Prefeito Municipal. Queremos que esta Casa, juntamente com o Executivo Municipal, faça uma reunião junto à comunidade, para que o próprio órgão competente, com o acompanhamento desta Casa, dos Vereadores, que são os legítimos representantes da população, diga da intenção do Governo Municipal de colocar essa linha de táxi-lotação, em Belém Novo e em outras comunidades, como foi dito aqui. Também a Ver.ª Maristela Maffei acabou de confirmar que na Lomba do Pinheiro foi atendida a reivindicação daquela comunidade da Vereadora, que é uma líder, uma representante daquela região.

Portanto, Sr. Presidente, fica aqui este meu pronunciamento, e mais, para encerrar, reforço aqui o que foi dito, principalmente pelo Líder da Bancada do PT, para que façamos uma reunião juntamente com aquela comunidade. Este Vereador até pode marcar uma reunião com os líderes daquela comunidade para que nós nos façamos presentes junto com algum representante do órgão competente do Executivo Municipal para que a comunidade saiba que vai ser atendida com uma linha de táxi-lotação naquela região. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, há alguns dias o ilustre Vereador, que me honra nominar, Ver. João Carlos Nedel, dizia que quando o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva iria a Davos ele estava tendo um comportamento de estadista. Naquela oportunidade, eu vendo essa simpatia fiz alguns questionamentos ao Ver. João Carlos Nedel. Hoje, o que me traz à tribuna é algo que demonstra o equilíbrio, a maturidade daqueles que hoje têm a responsabilidade de conduzir os destinos da Nação brasileira ao lado do meu Partido que integra o Governo Federal e a frente de apoio ao Governo Luiz Inácio Lula da Silva.

A notícia do fim de semana é muito interessante, e gostaria que sobre ela os Vereadores, meus colegas, os edis petistas, se manifestassem. O Governo Federal anuncia, Ver. João Antonio Dib, Presidente desta Casa, Ver. Pedro Américo Leal, que não aplicará o Orçamento Participativo. Se não vai aplicar o Orçamento Participativo é porque tem para ele que a forma e a estrutura do Orçamento Participativo de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul são instrumentos anacrônicos. Anacrônicos, e eu aqui gostaria da ajuda do Ver. Dr. Goulart, um homem afeito à terminologia grega, aos termos gregos, à etimologia das palavras gregas e à etimologia das palavras latinas; que ele viesse à tribuna. Mas, eu, modestamente, até vou explicar: anacrônico é a junção de duas palavras: – corrija-me, por favor, Ver. Dr. Goulart: “cronos”, do grego, significa tempo; “ana” significa ultrapassado, então, fora. Então, seria o Orçamento Participativo algo fora do tempo, algo ultrapassado; a expressão “anacrônico” encerra basicamente esta idéia na junção dessas duas palavras.

Pois, muito bem, aqui, este Vereador requereu o desarquivamento do Projeto do Orçamento Participativo. Aliás, o Projeto deste Vereador tem por objetivo e escopo básicos a institucionalização desse instrumento.

Hoje não há lei regulamentando o Orçamento Participativo. Aliás, o Secretário do Desenvolvimento Econômico, que organizou um grande conselhão - e parece que o conselhão esse, nacional, entrou “em banho-maria”, ficou ali, só em águas mornas, sem poder deliberativo, com um poder mais ou menos consultivo, opiniático, ou seja, em linguagem aqui do nosso pampa, “esfriaram” esse tal de conselho.

Mas o que nós queremos, basicamente, é institucionalizar. E eu estava, neste fim de semana, a examinar o meu Projeto. E o meu Projeto, já ouvindo alguns Vereadores, também já precisa de uma aperfeiçoamento, até porque eu vou requerer um convite ao Vice-Governador do Estado, Antonio Hohlfeldt, que foi Vereador desta Casa, para que compareça aqui perante nós, para essa minha idéia, para fazer uma exposição sobre a nova estrutura da participação popular proposta pelo progressista Governo de Germano Rigotto. Interessa-me muito e sei que a V. Ex.as também, Ver. Haroldo de Souza, Ver. Elias Vidal e a tantos outros Vereadores, Ver. Wilton Araújo, vamos trazê-lo aqui porque talvez seja essa roupagem dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento Econômico que temos de aplicar a participação popular e arredar a marca de propaganda das veleidades petistas na cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, o atraso nas obras de Porto Alegre é uma evidência. Por isso a CEFOR realizou, na semana passada, uma reunião específica para debatermos esses atrasos com o pessoal das empreiteiras; e, especificamente, sobre as obras do Viaduto Jaime Caetano Braum, na Av. Nilo Peçanha com a Av. Carlos Gomes. Esteve a Esbel aqui e explicou a sua face. Diz que o projeto teve problemas e necessitou alteração. Essa alteração necessitava da aprovação do BID. Enquanto aguardava a aprovação do BID, a Esbel se preparou; contratou funcionários, contratou equipamentos, alugou equipamentos, comprou matéria-prima, e essa autorização foi demorando. Iniciada a obra, constataram-se outros problemas. Novamente foi necessária uma consulta ao BID, que novamente demorou. Segundo a Esbel, o diálogo não foi fácil com a Prefeitura, tanto é que a Prefeitura rompeu unilateralmente o contrato. Mas isso tudo quem paga é o porto-alegrense, é o contribuinte que paga os seus impostos e não vê as obras concluídas, não vê as obras darem frutos.

Sobre a duplicação da Av. Juca Batista, outra dificuldade, também problema de projeto. Ficou-se discutindo o projeto e o tempo foi passando; o tempo passando, o cimento subiu, o asfalto subiu, todas as matérias-primas aumentaram, principalmente o petróleo. E aí a empreiteira pede um realinhamento. Mais uma vez entra o BID na jogada. Precisamos da aprovação do BID. E nessa aí o BID diz que aceita somente um certo percentual, a empresa não aceita, e nós vamos, viemos e voltamos. E as obras, em um certo trecho da Av. Juca Batista, não começam.

Mais uma ronha das obras, Ver. Haroldo de Souza, que é o Triângulo da Av. Assis Brasil. Começa com a Brita. A obra atrasa um ano, a Brita quebra, e o que acontece? Passa para a segunda colocada, a SBS Engenharia e Construções Ltda., que conclui a primeira fase. Ora, obras têm fases! A segunda fase passa para Estado. E o que faz o Estado, Ver. João Bosco Vaz? Com o dinheiro do empréstimo do BNDES, recebe o dinheiro do empréstimo, coloca no caixa único; o Governo Olívio Dutra coloca o dinheiro do empréstimo no caixa único e não paga a empreiteira. A empreiteira aguarda 95 dias e paralisa a obra.

 

O Sr. Aldacir Oliboni: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. João Carlos Nedel, nosso Vice-Presidente da CEFOR, este Vereador, como Presidente da CEFOR convocou as empresas na terça-feira passada, as quais deram a sua versão. Amanhã, às 14 horas, em nova visita às obras, ouviremos a versão do Governo Estadual e do Governo Municipal. V. Ex.ª sabe muito bem que os insumos subiram, mas que o BID não concorda, em função da alta dos insumos. E, portanto, nós estamos no meio caminho. Amanhã, possivelmente, teremos um parecer do Governo Estadual e Municipal, e, estendo aqui o convite a todos nobres Vereadores para as 14 horas uma visita da CEFOR às obras.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: O que precisa ser esclarecido é o que acontece com essas obras de “Santa Ingrácia”: o Viaduto Jaime Caetano Braum, o Viaduto Mendes Ribeiro, a Av. Juca Batista, a restauração do Paço Municipal, a ampliação do Pronto Socorro, o reservatório do DMAE no Morro Pedra Redonda e outras. É muito atraso em Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Passamos ao período seguinte da Sessão...

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI (Requerimento): Sr. Presidente, estou requerendo a V. Ex.ª um minuto de silêncio pelo falecimento, por assassinatos, desta semana, do Sr. Ercílio Martinez, de Casca; do Sr. Fábio Lazzari, de Farroupilha; do Sr. Tiago Lopes, de Erechim; do Sr. Gustavo Filho, 18 anos, de Porto Alegre; do Sr. José Antônio Gonçalves de Lima, de Porto Alegre; da Elisângela Santos de Mello, de Magistério; do Sr. José Francisco Leite, de Bagé; do Sr. Clauber André dos Santos Ribeiro, de Passo Fundo; do Sr. Elton Amaral, de São Leopoldo; do André Alves Antunes da Silva, de Erechim; do Luiz Batista Gonzaga Fabrício, de São Borja; do Sr. Lauro Pinheiro, de Porto Alegre; de José Ferreira Jardim, de Porto Alegre; do Paulo Ricardo dos Santos, de Porto Alegre; do Sr. Adilson de Oliveira, de Alvorada e do Fernando Santos, de Alvorada. Todos assassinados em assaltos ocorridos entre o dia 17 e o dia 24 de fevereiro.

Gostaria ainda, agregando a esse minuto de silêncio, que fosse enviada ao Sr. Secretário de Segurança e também ao Governador do Estado, essa lista informando sobre a questão do problema de segurança. Muito obrigada, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Vereadora, eu posso conceder a V. Ex.ª um minuto de silêncio em homenagem póstuma, mas não cabe encaminhar ao Secretário de Segurança o Requerimento de V. Ex.ª. Devo também esclarecer que esse tipo de homenagem pode ser prestada por intermédio de Voto de Pesar, que a Câmara faz. De qualquer forma: um minuto de silêncio solicitado por V. Ex.ª

(Faz-se um minuto de silêncio.)

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA (Questão de Ordem): Gostaria de saber se eu posso usar o obituário dos jornais todos os dias das pessoas que morrem para pedir um minuto de silêncio aqui na Casa.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Vereador, realmente pode, mas eu chamei a atenção e reitero que temos na Casa o remédio para o caso: é o Voto de Pesar, que é encaminhado em nome de toda a Casa e que me parece atingir melhor seus objetivos.

Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 1085/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 038/02, de autoria do Ver. Beto Moesch, que institui o “Disque-Denúncia de Maus-Tratos aos Animais”.

 

PROC. 3355/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 214/02, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que declara de utilidade pública a Fundação Thiago de Moraes Gonzaga.

 

PROC. 3492/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 112/02, de autoria do Ver. Raul Carrion, que destina Sessão Solene alusiva à comemoração da Semana da Consciência Negra.

 

PROC. 3533/02 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 020/02, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que altera a Lei Complementar nº 07, de 7 de dezembro de 1973, e alterações posteriores, que institui e disciplina os tributos de competência do Município.

 

PROC. 3544/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 228/02, de autoria dos Ver.os João Bosco Vaz e Valdir Caetano, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Emídio Perondi.

 

PROC. 3556/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 113/02, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que altera a redação do § 1º do art. 134 da Resolução nº 1.178, de 16 de julho de 1992, e alterações posteriores (Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre). (título honorífico)

 

PROC. 3652/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 077/02, que autoriza a desafetação do uso especial de imóvel do domínio público municipal e sua alienação a Luiz Otávio Bueno Dias Vieira, Geraldo Pinto Rodrigues da Fonseca e Ediba S/A de imóvel próprio municipal localizado no Loteamento Santos Neto, destinado a passagem de pedestres número 06, entre as ruas Regente e Desembargador Alves Nogueira, independentemente de licitação, e dá outras providências.

 

PROC. 3653/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 078/02, que autoriza a permuta entre um imóvel próprio municipal e quatro imóveis de propriedade de Maiojama Participações Ltda.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, retorna à Pauta um Projeto de minha autoria que prevê que seja permitida no município de Porto Alegre a compensação de créditos e valores tributários. Muitas vezes nós temos empresas que têm crédito a receber do Município, e, por outro lado, têm débitos. Alguns têm dificuldades em pagar todo o tributo, mas há uma parte que tem crédito, e pode haver compensação; pode haver encontro de contas. Lamentavelmente, ainda no século XXI, em Porto Alegre, não é permitido fazer o encontro de contas. É um Projeto simples, que não traz prejuízo à Prefeitura, que traz vantagem a todo o mundo, tenho a certeza de que merecerá o apoio dos Senhores Vereadores e das Sr.as Vereadoras.

Outro Projeto em Pauta, Projeto do Ver. João Bosco Vaz prevê a declaração de Utilidade Pública da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga. O Vereador instrui o seu processo adequadamente, faz um histórico da fundação, elenca todos os benefícios que têm prestado à população as campanhas de esclarecimento especialmente com referência ao trânsito, às mortes no trânsito. Uma fundação em si já agrega benefícios, já prevê transferir à sociedade benefícios. A Fundação Thiago de Moraes Gonzaga, com as várias campanhas, entre elas a Campanha Vida Urgente, tem prestado muitos serviços. Temos aqui, convém enfatizar, o maior valor da humanidade que é a vida. Essa Fundação pretende valorizar a vida, a vida desde a sua concepção até o final dos dias. Essa vida, um patrimônio que Deus nos deu, uma história a fazer em benefício da humanidade, é que deve ser preservada. A Fundação Thiago Moraes Gonzaga faz isso, e faz muito bem.

Também temos em Pauta o Projeto de autoria dos Vereadores João Bosco Vaz e Valdir Caetano que concede o Título de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. Emídio Perondi. Emídio Perondi, que foi Deputado Federal, que provém lá da nossa querida Ijuí, tem prestado muitos serviços à sociedade, especialmente ao mundo esportivo. Bem merece esse título. Tenho a certeza de que Porto Alegre vai-se sentir honrada em tê-lo como seu Cidadão Honorário. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

(O Ver. Luiz Braz assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, hoje cedo, eu cheguei ao Plenário e quis sentar ao lado do Ver. Pedro Américo Leal, mas chegou o Secretário de Captação de Recursos, eu tive de sair e não pude esperar a minha vez de falar em Pauta ao lado do meu amigo Ver. Pedro Américo Leal, que queria ver-se livre deste Vereador.

Eu fiz questão de me inscrever em Pauta para dizer da importância desse momento na Sessão a cada dia em que estamos aqui.

Hoje, nós temos oito Projetos de Lei em Pauta - leis e resoluções. O período de Pauta é importante porque é nesse momento que os Vereadores vão tomar conhecimento daquilo que vai acontecer, daqui a algum tempo mais, na Ordem do Dia.

Há projetos de toda sorte, como o do Ver. Beto Moesch, que institui o “Disque-Denúncia de Maus-Tratos aos Animais”. É uma preocupação com os animais, é uma preocupação de ecologista, de ambientalista e está correto. Vamos analisar os termos e o que vai acontecer quando for instalado o telefone.

O Ver. João Bosco Vaz declara de utilidade pública a Fundação Thiago de Moraes Gonzaga. É uma questão que os Vereadores, em geral, não sabem; pensam que apenas o Executivo pode decretar utilidade pública; não, o Vereador também pode propor, desde que cumpra os requisitos da lei.

O Ver. Raul Carrion quer que se destine Sessão Solene alusiva à comemoração da Semana da Consciência Negra. No ano passado, nós tivemos aqui mais do que uma Sessão em relação a esse assunto, nós tivemos uma Semana, e este Plenário foi palco de belíssimas apresentações; então não sei se é oportuna a colocação do Ver. Raul Carrion. Espero que os Vereadores falem melhor do que eu.

O Ver. Nedel que disciplinar alterações quando se institui e disciplina tributos de competência do Município. Se alguém tiver que, ao pagar a mais, receber de volta, que o valor seja corrigido. Acho que este assunto merece a atenção de todos os Vereadores por ser importante, porque interessa muito diretamente à população.

Os Vereadores João Bosco Vaz e Valdir Caetano pretendem homenagear o Presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Emídio Perondi. É correto.

O Ver. João Bosco Vaz pretende uma alteração no Regimento, e eu proporia que a alteração que propõe o Ver. João Bosco Vaz fosse incluída naquela reforma que nós pretendemos do Regimento da Casa.

O Executivo quer autorizar a desafetação de área lá na Chácara Santos Neto. É passagem de pedestre, é normal, está perfeitamente colocada aqui e não há problemas maiores. Também o Executivo propõe uma autorização de permuta entre imóvel de sua propriedade e quatro imóveis de Maiojama Participações Ltda. A devolução para o Município é de 350 mil reais, o valor do metro quadrado da área mais central do Município é de cerca de 400 reais o metro quadrado. Também é um preço bom. Os terrenos em que o Município tem interesses estão distribuídos em diferentes áreas da Cidade, mas eu espero, e é aí que eu digo que a Pauta é importante, que seja analisado pelos Srs. Vereadores se o Projeto do Executivo é acompanhado de todas as plantas que se fazem necessárias para que se faça uma perfeita análise da permuta que ora é proposta.

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu fiz questão de usar, no primeiro dia de Pauta, este tempo de cinco minutos para dizer que esse é um momento muito importante da Sessão, e nas segundas, nas quartas e nas quintas-feiras nós temos Pauta. E aí é que nós tomamos conhecimento dos Projetos que aqui entram, alguns muito bem informados e outros com falta total de informações para que se possa decidir. É por isso, então, que eu espero não me inscrever tão brevemente para não sentar ao lado do meu amigo, Pedro Américo Leal, que ficou muito triste porque eu me sentei ali, hoje, mas deixei uma lembrança na mesa. Saúde e paz!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Passo a direção dos trabalhos ao Presidente João Antonio Dib.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, como muito bem acentuou o ilustre Presidente desta Casa, que se dispôs a deixar por alguns minutos os trabalhos de Presidente para vir à tribuna, este período de discussão preliminar de Pauta é um momento muito importante para a Casa, porque vamos chegar, a alguns dias, a deliberar sobre esses assuntos. Esse é o primeiro contato objetivo que a Casa tem com vários projetos. E observo a totalidade deles é de projetos que ingressaram na Casa no ano de 2002 e que, por várias razões, deixaram de ser votados. Com um deles, quero, lisamente, confessar, eu tenho compromisso: é o Projeto que autoriza permuta entre um imóvel próprio municipal e quatro imóveis de propriedade da Maiojama Participações Ltda. Por que tenho compromisso com esse Projeto? Pela empresa interessada, pelas pessoas que serão beneficiadas pelo Projeto? Não, Ver. Pedro Américo Leal, quero deixar muito claro que fiz um apelo, no ano passado a lideranças do Partido dos Trabalhadores para que essa matéria não fosse votada no ano passado, pois que ela tinha chegado aqui na Câmara só em dezembro. Na ocasião, eu disse: “Não tenho a menor dificuldade de estudar esse Projeto e de me empenhar para que, no exercício vindouro, ele possa ser votado até em regime especial; se for o caso, até com reunião conjunta das Comissões, mas não vamos atropelar este final de ano, porque existe uma série de permutas que o Município está diligenciando e que não vão ser possíveis de serem votadas neste ano, como de fato não foram. Na primeira oportunidade que nós deliberamos este ano, nós deliberamos sobre várias permutas que foram todas elas chanceladas porque foram adequadamente encaminhadas aqui para Casa. Agora, mesmo, junto com esse pedido de permuta existe outro, e esse outro pedido de permuta também merecerá o nosso exame.

Então, como eu tenho esse tipo de comprometimento confessado - e olha que eu faço com toda a tranqüilidade citando o nome da Empresa, porque as pessoas às vezes ficam temerosas: “O Senhor está beneficiando tal empresa?” Não, eu estou estudando este Projeto há mais tempo. Há o interesse do Município, num Projeto, Ver. Pedro Américo, que V. Ex.ª há muito se debate por ele, que é o Projeto da Entrada da Cidade. Uma das áreas permutadas que passará da propriedade privada para o Município faz parte da Vila Dona Teodora e vai ser utilizado, é condição necessária para o bom desenvolvimento do Projeto, e tem outras áreas que entram em outros programas do Município. Mas como eu estava dizendo, eu tenho interesse neste Projeto, quero contribuir para que ele tenha uma celeridade aqui dentro da Casa, razão pela qual eu vou, em alto e bom tom, pedir uma providência da municipalidade. A providência é no sentido de que seja juntado, o mais breve possível aos autos, a Instrução Normativa n.º 02/99 da Secretaria Municipal da Fazenda; eis que o art. 4.º do Projeto diz que “a diferença de valor entre o imóvel próprio Municipal e os imóveis particulares será paga aos cofres municipais em 24 parcelas mensais e consecutivas a contar da data da avaliação nos termos da Instrução Normativa n.º 02/99 da Secretaria Municipal da Fazenda”. Eu sou informado de que nesta instrução consta a forma de correção, consta o juro que irá incidir no processo, mas isso tem que ficar bem claro, não precisa ficar assim submisso que só alguns mais interessados fiquem conhecendo. Então, repito: tenho interesse em que esse Projeto tenha celeridade. Quero então a contribuição da Liderança do Governo. Não vejo no momento, aqui, o Ver. Marcelo Danéris, mas sei que a sua assessoria deve estar anotando para que a gente possa, com a brevidade devida, se possível antes da quarta-feira, juntar ao processo o teor dessa Instrução Normativa de 99. Que ela passe a integrar o Projeto na medida em que há uma referência expressa a ela e há, no nosso entendimento, omissão quanto às formas como serão pagas essas 24 parcelas referidas no Processo. Segundo consta, a Instrução Normativa esclarece devidamente esse fato, e isso nos daria a tranqüilidade para podermos pugnar pela celeridade da tramitação desse Projeto de Lei, celeridade essa que já estamos anunciando.

Fico grato, Sr. Presidente, e acentuo essa nossa solicitação que poderia fazer por diligência, mas procuro simplificar fazendo da tribuna. Sei que a assessoria do Governo, com muita presteza, haverá de atender isso com muita brevidade. Muito obrigado, Sr. Presidente.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Wilton Araújo está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, venho a esta tribuna para discutir o Projeto de Resolução n.º 112,  de autoria do Ver. Raul Carrion.

Esse Projeto de Resolução destina Sessão Solene alusiva à comemoração da Semana da Consciência Negra. É datado do ano passado, como bem frisou o Ver. Reginaldo Pujol. Todos os Projetos que estão aqui para a Discussão Preliminar, são do dia 21 de novembro do ano passado, então, um dia após a Semana da Consciência Negra de 2002.

É um Projeto que, pelo que eu entendo, deixará fixada uma Sessão Solene, independente se um Vereador ou outro entrar com um pedido para Sessão Solene, dada a relevância, imagino eu, de que a matéria se reveste. Também concordo com a homenagem ao Dia do Trabalhador, também de autoria - mas deste ano -, do Ver. Raul Carrion.

Deveria ser de autoria da Mesa. Ou com data fixada previamente, ou a Câmara irá se manifestar todos os anos.

Isso não vai impedir que os Vereadores participem dos movimentos, discutam, estejam, neste caso da Semana da Consciência Negra, realmente participando de toda a semana, das suas discussões. Então, eu vejo um bom Projeto, um Projeto de Resolução que tem a marca de deixar definitiva essa Sessão Solene.

 

O Sr. Raul Carrion: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) No ano passado surgiu um problema. No mesmo dia da comemoração da Consciência Negra, se realizava aqui uma Sessão Solene em homenagem a imigrantes italianos, e os companheiros do Movimento Negro ficaram restritos ao  Salão Glênio Peres, em condições extremamente difíceis, com uma grande quantidade de pessoas. Aquele fato  gerou até uma certa revolta. E nós entendemos que seria uma maneira de solucionar o problema, porque para o Dia da Consciência Negra, os Vereadores nem fazem pedido de Sessão, porque como tem uma Semana, tem uma Comissão. Mas a Comissão não tem o poder de pedir uma Sessão Solene. Eu agradeço o apoio do Ver. Wilton, que sei que é atuante nessa frente. E tem importantes questões, como a Esplanada Carlos Santos, que foi inaugurada no ano passado.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Exatamente por esse fato acontecido no ano passado, Ver. Raul Carrion, é que eu gostaria de avançar um pouco mais no seu Projeto de Resolução. Na verdade, nós somos a favor do Projeto de Resolução que fixa a Semana, só que, em determinado momento, pode também ocorrer uma outra Sessão Solene, pedida por outro Vereador desta Casa. Não há nada que impeça isso. Então, eu gostaria de encaminhar, dado esse mal-estar que ficou em toda a comunidade, uma Emenda - não sei se V. Ex.ª estaria de acordo - que fixasse não só o dia da Sessão, o próximo dia 20 - acho que não há nada a deixar de lado aqui -, mas que tenha como local o grande local desta Casa, pois o mal-estar se deu exatamente porque, mesmo havendo a Semana da Consciência Negra comemorada pela Casa, foi a 8.ª, mas na verdade deveria ser a 18.ª Semana. Então, eu gostaria de adendar a este Projeto de Resolução o local.

 

O Sr. Raul Carrion: Eu não tenho nada contra, só tenho entendido que Sessão Solene necessariamente é neste Plenário. Mas aí a gente elucida isso. Se não for, cabe. O que poderia haver é uma Sessão às 19h em homenagem a Zumbi, e às 17h outra homenagem. Mas, parece-me, necessariamente, aqui. Mas, creio que aperfeiçoa, e não há nenhum problema.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Eu gostaria, porque foi exatamente o local que criou mal-estar, e há a possibilidade de termos mais de uma Sessão num dia, não há problema nenhum. E se uma que estiver para ocorrer às 17h começar às 17h30min, às 17h40min., alargando-se, por ser de grande importância, esta poderá interferir na outra também. Então, por isso, fixar o local.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador). Acho que essa idéia sua, Vereador, conjugada com a idéia do Ver. Raul Carrion, vem ao encontro daquilo que é uma aspiração, porque este Plenário é o Plenário nobre da Casa, é o Plenário das Sessões Plenárias da Câmara Municipal, é onde se realizam as homenagens do Legislativo Municipal a diversas instituições, etnias, representações. Isso justifica que não pode ser direcionada para outro local, o que é um absurdo! Até porque eu sei que o Presidente desta Casa, o Ver. João Antonio Dib, está muito cioso e preocupado com o uso deste espaço, com a cedência deste espaço para outras festividades, eventos, que não os da atividade normal, o que não é compatível com este Plenário. Já tivemos a oportunidade de ter de encerrar a Sessão Plenária para começar a sessão do Orçamento Participativo.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: É exatamente com essa preocupação que vamos entrar com esta Emenda ao Projeto de Resolução de autoria do Ver. Raul Carrion.

Vou entrar, e já estou estudando, com uma alteração, porque é histórica essa questão, e esta Câmara foi a primeira a apresentar um Projeto de Lei, pioneiro no País, estabelecendo, não no mês de maio, mas em novembro, a Semana, que, naquela época, era Semana do Negro, e não Semana da Consciência Negra. Isso faz dezoito anos. Estranhamente, a partir de determinado momento, se recriou, trocando o nome e esqueceu-se o passado, esqueceu-se a história. Essas comemorações e discussões sobre a Semana do Negro e sobre este tema devem trazer a preocupação que a Casa teve, como pioneira, no município de Porto Alegre. Vou entrar com essa alteração para que se reconheça o que é verdadeiro, ou seja, temos dez anos antes da Semana da Consciência Negra, cuja semana era destinada ao mesmo objetivo, só que se chamava Semana do Negro. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Zé Valdir está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, o Projeto do Ver. Raul Carrion traz novamente um tema que deve ser preocupação permanente desta Casa e de toda a sociedade, que é a questão da consciência negra. Nós termos uma Sessão necessariamente destinada a esse debate, que é importantíssimo, porque nós temos a obrigação e o dever de, em todos os momentos, desmistificar algumas lendas, alguns mitos que a historiografia oficial colocou a respeito da questão da libertação dos escravos. De cabeça, listo quatro mitos sobre os quais nós temos de fazer um debate profundo.

O primeiro é sobre essa tal de índole pacífica do povo brasileiro, que dá a impressão de que nós instituímos, a partir de 1530, com a expedição de Martin Afonso de Souza, a escravidão aqui, e a escravidão não teve nenhuma reação por parte do escravo. Esse é um tema que nós temos de resgatar, porque, na verdade, desde o primeiro momento em que se instalou a escravidão aqui, também se instalaram as diversas formas de rebeldia e de revolta contra a escravidão, porque escravidão não é uma coisa natural, ideologia que, na época os fazendeiros e senhores de escravos queriam passar. A escravidão era abençoada pela igreja, inclusive, dizendo que era natural que uns nasciam senhores e outros nasciam escravos.

O segundo é de que a Lei Áurea, da Princesa Isabel, aboliu formalmente a escravidão. Isso não é verdadeiro. Primeiro, porque a escravidão, formalmente, em alguns Estados já tinha sido abolida, inclusive no Estado do Rio Grande do Sul. A própria Igreja aboliu a escravidão, libertou seus escravos alguns anos antes de 1888. Pasmem os senhores: a Igreja também tinha escravos; a Santa Madre Igreja sempre foi contra a escravidão do índio, mas a favor da escravidão do negro, porque dentro das Igrejas quem lavava os paramentos dos padres, quem lavava as Igrejas eram os escravos, e a Igreja então aboliu a escravidão um pouco antes. Na área do café, ali em São Paulo, o escravo já não era interessante, do ponto de vista econômico; tanto não era que se começou, um pouco antes, a importar a mão-de-obra do imigrante italiano.

O terceiro mito é de que a “bondosa Inglaterra” - que está aí defendendo a guerra - estava a favor da libertação e queria a libertação dos escravos. Na verdade, desde a instalação do regime de escravidão no Brasil, os navios ingleses eram os que transportavam os escravos para cá, era a marinha inglesa que os transportava. A partir início do século XIX, por questões econômicas, porque começaram na segunda fase do capitalismo industrial,  deram-se conta de,  se a escravidão acabasse formalmente e os escravos passassem a receber salário, se formaria um fabuloso mercado consumidor para os produtos ingleses. Então, a grande preocupação da Inglaterra era aumentar o mercado consumidor para seus produtos; por isto, ela passou a defender a chamada libertação dos escravos: por razões puramente econômicas.

Por último, a libertação formal significou uma libertação real. A libertação real é um processo que até hoje se está buscando, e exatamente a instituição do Dia da Consciência Negra, da Semana da Consciência Negra é para aprofundar esse debate, porque até hoje os negros não conseguiram uma libertação plena, porque esses negros que foram formalmente libertados foram libertados do dia para a noite, passaram a ser livres mas sem terra, sem nenhum tipo de propriedade e com todas as seqüelas da escravidão. É por isso que essa luta anti-racista, essa conquista é uma conquista que se prolonga no tempo e que até hoje não foi plenamente atingida. É por isso que esse debate é um debate extremamente atual, e está de parabéns o Ver. Raul Carrion ao propor esse Projeto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. MARCELO DANÉRIS (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro à Mesa uma análise ou um estudo, o que for melhor, dentro do ambiente da reforma do Regimento, sobre a questão das Comunicações. Temos uma distorção que fere os dois lados envolvidos nesta Câmara. No período de Comunicações de hoje há oito Vereadores inscritos e nenhum da Frente Popular. Já no período das Comunicações de quinta-feira, nós tínhamos cinco Vereadores da Frente Popular e três, apenas, da oposição. Então, nós achamos interessante que se faça um estudo para garantir a proporcionalidade nas Comunicações, mais do que a ordem alfabética, mesmo que tenhamos conhecimento de que, anteriormente, foi trocado isso por acordo. Mas, obviamente, todos estamos prejudicados com esta composição por ordem alfabética. Isso seria possível trazer para a proporcionalidade e garantir que todos os blocos e os partidos possam-se pronunciar durante o período de Comunicações. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Correta a observação de V. Ex.ª, será analisada na Diretoria Legislativa, mas, realmente, é por ordem alfabética. Vamos passar à Ordem do Dia. Eu vou chamar a atenção dos Srs. Vereadores: depois de declarada a Ordem do Dia, não será mais permitida a Comunicação de Líder, hoje, abro uma exceção, porque é a primeira vez.

Eu acho que surpreendi os Srs. Vereadores, mas podem ter certeza de que eu farei sempre assim, não esperarei que alguém se inscreva.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu compreendo a sua exceção, também não tenho nenhum desacordo com o Ver. Isaac Ainhorn que, pela Liderança do PDT, se pronuncie. O problema é que, geralmente, a Bancada do Governo, no caso, a Bancada do PT, onde todos os Vereadores acabam usando a Liderança e, de doze Bancadas, nove são de oposição, que essa exceção seja válida também para nós. Por várias vezes, as Lideranças se pronunciam e, às vezes, por uma distração, a Liderança do PT não se inscreve e, depois, não pode se inscrever mais, porque já estava aberto. Então, não pode ser um privilégio, nem uma exceção, nós temos que ter uma ordem que não prejudique a todos.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Eu não estou privilegiando ninguém. Ocorre que, nesta Casa, nenhuma vez, encerrado um período, foi declarada a Ordem do Dia, sempre perguntaram se alguém queria fazer Comunicação de Líder. E eu não perguntei e nunca perguntarei se alguém quer fazê-lo. Por isso, hoje, como não foi liberado o painel, por isso, eu vou permitir, mas avisando, desde já: nunca perguntarei se alguém quer falar em Liderança.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Mas, então, fica como uma relação nossa aqui que, antes de ser aberto o painel, pode-se inscrever em Comunicação de Líder, mesmo que já tenha chamado a Ordem do Dia?

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A qualquer momento, fora da Ordem do Dia pode falar em Comunicação de Líder.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Mesmo que o painel não tenha sido aberto, como hoje?

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Mas o painel não foi acionado.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Eu só quero registrar, porque nós poderemos ter uma situação assim.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO (Questão de Ordem): Eu pediria ao Sr. Presidente que a partir de agora fizesse exatamente o contrário do que disse: avisar as pessoas que está findando o período e se alguém quer falar em Comunicação de Líder, eu vou dizer por quê. Porque a grande maioria dos Vereadores aqui estão na Sessão, são chamados com urgência, como eu fui agora, e não havia percebido...

 

 O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Vereador, no Plenário, o Vereador tem de ter toda a atenção. Se notarem, a Mesa hoje protegeu de forma diversa, quando o Secretário nos fez a visita, a Casa, normalmente, suspendia a Sessão para as despedidas, a Sessão não foi suspensa; eu pedi que o Vereador Vice-Presidente acompanhasse o Secretário. Por isso eu estou alertando que nós vamos usar todos.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Mas eu queria, Sr. Presidente, que V. Ex.ª tivesse a mesma bonomia com o nosso Plenário, por um motivo, Sr. Presidente, nós ainda não temos o dom da ambigüidade, vamos ter um dia, eu penso, mas, por enquanto, não. E o problema, que eu acho, é que muitas vezes o Vereador é chamado, como eu fui chamado agora com urgência, no meu gabinete, para resolver um problema. E no momento em que eu chego aqui e V. Ex.ª diz: “Vai acabar o Período da Pauta e vamos passar à Ordem do Dia, se alguém quiser falar...” -  eu penso que seria uma gentileza com o Plenário, porque muitas vezes nós atentos a outras coisas estamos distraídos. E isso não é... ninguém aqui é super-homem.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Mesa agradeceria a gentileza do Plenário em ficar atento na condução dos trabalhos.

O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, segundo o douto Ver. Cláudio Sebenelo, o Vereador-Presidente João Antonio Dib, é um bonômano. Bonômano é aquele que pratica atos de bonomia, atos de grandeza, de generosidade Vereador. Estou aqui na minha modéstia de intérprete, de exegese das palavras para proporcionar a quem me solicitar, algum esclarecimento sobre as mesmas. Mas, e o PT ? Onde está o PT, depois da manifestação do Presidente Lula da Silva, da sua equipe, dessa equipe que montou uma estrutura de Governo que é a antítese do Governo Olívio Dutra? Um governo de diálogo, um governo de respeito às estruturas e às instituições nacionais e internacionais. Está aí, o Presidente foi a Davos, o Presidente conversa com o Presidente George Bush, vai devagar nas paradas, não rescinde os contratos firmados pelo governo anterior, comunica que não adotará em nível federal o Orçamento Participativo. E buscará, Ver.ª Maristela Maffei, outros mecanismos de participação popular.

Vejam, V. Ex.as como é diferente esse perfil. É como o socialismo. O socialismo não é algo estanque, fechado e de uma concepção só, não só nas suas teorias, como também nas suas práticas. Há socialistas que se inspiravam nos modelos stalinistas, outros na visão trotskista da revolução permanente. E vejam V. Ex.as que há correntes de tudo que é lado. E os Vereadores do PT riem e sorriem, mas eu gostaria que o que conseguisse expressar o sentimento geral dissesse o seguinte: o que estão pensando hoje sobre o Orçamento Participativo? Vão votar pela institucionalização? Ou não vão aplicar o Orçamento Participativo, como quer a equipe do Governo Federal do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva? Aquilo que era a pedra de toque, a menina dos olhos do petismo gaúcho, com tanta representatividade no Ministério, com tanta representatividade federal, já foi comunicado: olha, Orçamento Participativo não. Aqui nós temos outros projetos, outras propostas. É, Vereador. O Ver. Zé Valdir olha-me indagativo e, certamente, questionativo, perplexo, mas eu estaria mais perplexo se fosse do PT, porque, nesta hora, sendo de qualquer das correntes do PT do Rio Grande do Sul, tem que estar perplexo, a começar pelo Deputado Estadual e ex-Prefeito desta Cidade, Raul Pont, que passa dando explicações, que está questionando e que indaga e, certamente, como outras correntes, como a do Ver. Marcelo Danéris, que tem algumas figuras expressivas, como o Deputado Flávio Koutzii e o Deputado Henrique Fontana - corrente consubstanciada aqui em Porto Alegre pelo Ver. Marcelo Danéris. Quando, Vereador, não há mais o que dizer, quando a gente fica sem resposta e sem explicação lógica, a melhor explicação da perplexidade, uma delas, e a melhor, certamente, é o riso sem resposta e sem explicação.

 

(Aparte anti-regimental da Ver.ª Maristela Maffei.)

 

Não, Vereadora. A Vereadora diz que tem Regimento, mas é uma indisciplinada e não cumpre o Regimento, diz que eu não dou aparte, que é monólogo. É óbvio, é tempo de Comunicação de Líder, Vereadora. A senhora não pode falar comigo agora; eu falo com V. Ex.ª, ali. Agora, temos que definir, e é fundamental, um amplo debate este ano sobre o Orçamento Participativo. Os meus colegas, inclusive, não querem mais saber deste nome “Orçamento Participativo”, querem a participação popular sob outra denominação. Estou disposto a discutir a partir da idéia de Vereadores como o Ver. João Bosco Vaz, a partir da idéia do ex-Vereador Antonio Hohlfeldt, da fórmula da participação popular. Vamos discutir e vamos fazer um projeto enxuto, com lei e como garantia, sem processo de manipulação oriundo do Paço Municipal, condicionando as vontades do movimento popular, e restabelecendo aquilo que o PT acabou: o Fórum Municipal de Entidades, tem que restabelecer! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós vivemos um período da história brasileira exótico, diferente, onde a governabilidade tem sido mantida pela visão patriótica e competente do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que hoje busca no PMDB, a seu pedido pessoal, a abertura de um novo diálogo para que se possam processar as reformas e para a garantia dessa governabilidade tão dependente e tão voltada a essa necessidade imprescindível de reformar, não só a estrutura fiscal, que deve ser a primeira, mas a previdenciária, e, a seguir, a política e a eleitoral, desafios que o País tem de enfrentar, dilemas, impasses administrativos. Hoje, Ver. Isaac Ainhorn, nós temos um outro impasse na saúde de Porto Alegre, isso é, a saúde da cidade de Porto Alegre, por intermédio do seu Secretário, manifestou-se nesta Câmara Municipal, dizendo que faltam ao Serviço de Assistência Médica de Urgência, o SAMU, oito ambulâncias, porque só existem três. Desde a inauguração do serviço, que acrescentou algumas coisas importantes à cidade de Porto Alegre, nós não tínhamos uma avaliação das necessidades de conteúdo incontinente dessa relação, e hoje, Ver. Dr. Goulart, nós temos, depois de alguns episódios constrangedores na saúde, de morte sem assistência e sem transporte, nós chegamos à conclusão de que existe a falta de oito ambulâncias, isso é, correspondentemente a essas oito ambulâncias, equipes que devem ser preparadas para especificamente trabalhar nessa área. Meu Deus do céu, será que nós vamos completar 15 anos de administração do Partido dos Trabalhadores com esse imenso furo na assistência, essa imensa lacuna?! Não houve, durante todo esse tempo, condições para preencher, desde a fundação do SAMU, com a inspirada iniciativa do então Secretário Luiz Henrique Mota, que tomou essa iniciativa, e de repente se vê mais uma vez um setor extremamente insuficiente, setor que faz com que a saúde de Porto Alegre venha sendo tratada dessa forma, e o que é pior, com o dinheiro aplicado para rendimento.

A nossa Prefeitura alega que o Estado e os Ministérios não proporcionaram o recurso adequado. Ora, Srs. Vereadores, nós sabemos o quanto é aplicado em publicidade, o quanto é aplicado em outras iniciativas que são extremamente secundárias em relação a essa necessidade primacial, primária, urgente, pungente que é a falta do transporte para uma pessoa adoecida.

Realmente, parece que estão desprezando a inteligência da população, e isso vai ser pago de uma forma muito cara, principalmente porque, por favor, para comprar essas ambulâncias não deixem passar pelo Orçamento Participativo. Comprem logo, por favor. Para fazer o concurso para o pessoal necessário, por favor, não deixem passar pelo Orçamento Participativo, façam logo, isso é uma necessidade, isso é urgente, não pode esperar um ano. Por favor, vejam a cor que foi escolhida para pintar o nosso Pronto Socorro, e dali vocês vão ter um pano de amostra do que é a falta de, pelo menos, bom gosto das pessoas de não deixarem a nossa população vendo, não só aquele hospital de uma cor que eu não posso dizer publicamente, sendo Vereador, mas principalmente não deixar a nossa população perceber a barbaridade que é a falta de oito ambulâncias nesses anos em que foi fundado o SAMU. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib, colegas Vereadores e Vereadoras, público que nos honra com a presença, especialmente o nosso ex-candidato a Senador, Caetano Brum, que vejo ali na Bancada desta Casa. Nós queremos abordar aqui dois assuntos importantes na nossa avaliação. Na semana passada, eu ouvi e assisti aqui as manifestações contundentes da bancada governista, meu querido Ver. Haroldo de Souza, fazendo uma crítica contundente ao Governo do Estado no que diz respeito à participação popular. E nós afirmávamos que o nosso Governo tem um outro eixo, que quer qualificar os COREDEs, a consulta popular, e restabelecer os COMUDEs. Mas a bancada governista vinha aqui dizer que nós, por intermédio do Governo do Estado, estávamos terminando com a participação popular. Agora, eu quero ver, Ver. Beto Moesch, depois do anúncio oficial do Sr. Presidente da República, Ver. Pedro Américo Leal, que diz que não vai adotar o Orçamento Participativo em nível de País; o Presidente já afirmou, por intermédio do seu Chefe da Casa Civil, e é matéria do jornal Folha de São Paulo, do jornal Correio do Povo, do jornal Zero Hora e de todos os jornais do Brasil, dizendo que não tem Orçamento Participativo.

Em política deve haver coerência, porque recebemos aqui críticas contundentes ao nosso Governo, que não acabou com a participação popular, mas que tem outro eixo, e agora o Governo do Presidente Lula, o que a gente sabe, Ver. Haroldo de Souza, é que existe um Conselhão, tendo lá o Delfim Netto, existem quarenta e um empresários, tem muita gente que patrocinou a campanha do Presidente da República, nove deles patrocinaram campanha, e parece-me que esse é o molde de participação do Governo Federal, é o que está estabelecido até este momento; pode ser que mude.

Portanto, nós queremos aqui registrar, Ver. Isaac Ainhorn, no mesmo diapasão de V. Ex.ª que aqui nos antecedeu, de cobrar essa coerência, porque não adianta ter um discurso aqui e uma prática diferente lá. Discurso lá e discurso aqui, isso não vai casar, isso não vai “pegar”. Em segundo lugar eu quero dizer, Ver. Elói Guimarães, que nós tivemos aqui várias reuniões na sexta-feira e neste Plenário ocorreu a reunião da CUTHAB, da qual participei já no seu final, para tratar do assunto de cento e seis famílias envolvendo terreno do Montepio lá no Campo Novo. Eu quero dizer aqui, de público: o Governo Municipal tem que parar de transferir responsabilidade! Habitação é um problema do governo federal, dos governos estaduais, mas também é do Município. Não dá para transferir responsabilidades, dizer: “Isso não é comigo.” Eu afirmo aqui aquilo que eu tenho dito em alguns debates públicos: esta Cidade, tristemente, como os governos estaduais, ao longo da história, num governo da União, não tem uma política habitacional. Agora, aqui em Porto Alegre, além de não ter uma política habitacional, tem uma política policial; porque são algumas dezenas de mandados que estão lá na gaveta do DEMHAB para poderem ser executados a qualquer momento, como foi o caso daquela senhora da Restinga, que teve que se acorrentar.

Eu retirei hoje pela manhã, só numa informação, Ver. Elói Guimarães, só aqui tem cento e setenta e nove mandados expedidos para poderem desocupar casas em Porto Alegre, fora a certidão que eu pedi, que vem hoje à tarde, que deve ter mais de mil. E agora querem transferir essa questão do Montepio, dizendo que é com o Governo do Estado. O Governo do Estado vai ser parceiro, mas quem é responsável pela política habitacional de Porto Alegre é a Prefeitura de Porto Alegre; e não vai transferir a responsabilidade para um Governo que herdou uma herança maldita de 1 bilhão e 400 milhões de reais no caixa único, e que tem que pagar dívida de seis meses aos fornecedores, que tem um déficit orçamentário de 4 milhões de reais. Nós vamos ser parceiros. Mas o Governo Federal é da Frente Popular, o Governo da Prefeitura é da Frente Popular, Ver. Wilton Araújo, e nós seremos parceiros com a SEHAB, mas nós não vamos aceitar a transferência de responsabilidade para o assentamento de famílias e para a política habitacional de Porto Alegre. Muito obrigado, Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Sou grato Ver. Sebastião Melo. O Ver. Wilton Araújo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, neste período de Liderança do PPS, gostaria de colocar, comentar a posição da Bancada do PPS, nesta Casa, sobre um fato, no mínimo, inusitado. Na última sexta-feira, com publicação no sábado antes do carnaval, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária divulga lista de 260 medicamentos que não terão mais o controle do Governo Federal. Isso significa o quê, na prática? São 260 medicamentos, os mais comuns, aqueles que a população usa mais, e tem como argumento que esses medicamentos, todos eles, têm mais de cinco concorrentes e que por isso o mercado vai regular o preço.

Ora, queridos Vereadores, onde está a sensibilidade, a coerência do Governo Federal, que, de uma forma inusitada, libera, logo no primeiro momento, logo na entrada do Presidente Lula da Silva, 260 medicamentos que atingem a população de menor poder aquisitivo? Isso aqui é um absurdo. E iriam dizer, se fosse em outras épocas, já estou vendo na rua os megafones, os alto-falantes em todos os lugares de Porto Alegre, do Estado e do País, barricadas, talvez, na frente dos postos de saúde, farmácias, e, lá, atrás, o Partido dos Trabalhadores, dizendo que era para matar, com preços abusivos, aqueles que têm menos, aqueles que têm pouco acesso, aqueles que não recebem os medicamentos. Será que – e de tempos isso acontece –, todo aquele entendimento que o Estado deve ser o regulador das funções básicas, que não se deve privatizar muitas coisas, e que, por outro lado, o Estado deve ficar controlando o mercado para que aqueles que têm menos não sejam o prejudicados. Onde está esse argumento agora? E logo nos remédios! Tenho certeza, e nós, do PPS, em nível federal, temos, sim, participação; não escondemos, temos participação, tem missão importante lá, mas não podemos calar, porque é função nossa, sim, mesmo, apesar e contando com isso, estando dentro deste governo, gritar bem alto para que os remédios voltem ser controlados pelo Poder Público. O argumento de que - e aqui nós temos na matéria – “O Conselho de Farmacêuticos se diz estupefato, o Conselho Médico também”, mas eu não seria irresponsável de dizer desta tribuna que logo no raiar, que logo no início do Governo que tem tanto para fazer - e do qual nós esperamos tanto - possa ter tido um acerto, possa ter tido uma sensibilidade exagerada, vamos dizer assim, com aquelas multinacionais que comandam a produção e a distribuição dos remédios. O argumento usado de que existe concorrência, de que o mercado livre vai regular, ora em qualquer outro governo, em qualquer outro lugar, menos no governo Lula e no Brasil.

Vou, ao terminar, Sr. Presidente, encaminhar - e espero que esta Casa e que, principalmente, a Bancada do Partido dos Trabalhadores e de seus aliados estejam juntos comigo mostrando que isso é uma irresponsabilidade por parte do Governo Federal e do Ministério da Saúde -, apresentar uma Moção de Repúdio ao Ministro da Saúde para que ele possa, publicamente, responder ao questionamento que está nas ruas e que certamente vai estar no bolso de todos os trabalhadores brasileiros.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Ex.mo Ver. João Antonio Dib, Presidente desta Casa; demais Vereadores, Vereadoras, pessoas que nos assistem aqui e em suas casas, eu queria, até porque foi referido pelo Ver. Sebastião Melo, prestar contas dos encaminhamentos que estamos fazendo, através da CUTHAB, de uma situação bastante complexa e difícil de uma comunidade que está, por uma ordem de reintegração de posse, com ordem de despejo, já há mais de mês. Nós estamos procurando casas do Montepio e terrenos do Montepio, procurando uma solução.

Quero dizer que esta presidência da CUTHAB, com toda a responsabilidade com que costuma tratar essa questão, procurou tanto o Governo Municipal, quanto o Governo Estadual e, inclusive, a esfera federal, através da Caixa Econômica Federal, por compreender a dificuldade em ter, rapidamente, uma solução por parte de uma única esfera de poder.

Nós achamos que esse é o caminho acertado, Ver. Sebastião Melo, caminho, aliás, que nós, sempre fizemos, fôssemos de governos, de partidos diferentes. Deixamos de lado as questões partidárias, deixamos de lado as divergências políticas que existem, que fazem parte da democracia, para colocar em primeiro plano o interesse da comunidade. São cerca de 160 famílias que, a perdurar a ordem de despejo, na sexta-feira estarão na rua sem qualquer alternativa.

Nesse sentido, fizemos inúmeras reuniões, e, hoje, pela manhã, mais uma reunião, na Secretaria Especial de Habitação, presente o Secretário-Substituto, Marco Pereira. Cremos haver feito uma reunião produtiva, profícua, da mesma forma que foi a reunião desta Comissão na sexta-feira pela manhã, com as suas divergências, com as suas polêmicas. Nós nos temos que acostumar a essa situação.

O que nós tiramos no dia de hoje pela manhã? Primeiro todo o apoio dos que ali participam ao registro das duas Cooperativas. Existe uma cooperativa dos que ocupam as casas e a cooperativa dos que ocupam os terrenos, e a própria legislação estadual, que, aliás, é uma legislação do Governo passado, inovadora, criativa, criou toda a possibilidade de financiamento das cooperativas. Então, o registro das cooperativas é decisivo e passa pela OCERGS. Então, nós vamos agilizar esse processo da cooperativa para uma área alternativa e da cooperativa para a aquisição das casas, que já estão formadas, falta só o seu registro.

Segundo, uma negociação será aberta pela Prefeitura e pelo Governo do Estado em parceria para negociar inclusive com o Montepio o preço das casas e dos terrenos. Inclusive, será consultada a possibilidade da aquisição da área do Montepio. Nós não estávamos trabalhando com esta idéia, mas o Montepio, numa última reunião, colocou essa idéia sobre a mesa: a Prefeitura tem interesse em adquirir a área? Como nós constituímos essa parceria, o próprio Governo do Estado propôs isto: “Vamos consultar, que assim ganha-se tempo, evita-se o despejo e se verá a situação.

Terceiro ponto, partindo da possibilidade de que isso não se realize, haverá a busca de áreas alternativas. Isso quer dizer que o DEMHAB, Ver. Sebastião Melo, já está acompanhando a comissão dos moradores, dos ocupantes, visitando áreas, fazendo o exame urbanístico da possibilidade, porque, senão, poderá comprar uma área inadequada, e a infra-estrutura será muito cara, e assim por diante.

Para as condições de financiamento para os cooperativados será feito o levantamento de linhas de financiamento compatíveis com a situação sócio-econômica dos atuais ocupantes: Caixa Econômica, BANRISUL, Sistema Par, tudo o que seja possível.

O quinto ponto, vou ler, Ver. Sebastião Melo, pois parece-me que a sua informação está defasada, é o seguinte: “Parceria entre o Estado e o Município, no sentido de viabilizar o financiamento da área e da infra-estrutura dos terrenos a serem adquiridos pela cooperativa dos ocupantes.”

Então, vou concluir, Sr. Presidente, é claro que nós temos que respeitar a dinâmica e a lógica de cada poder. A lógica do Governo Estadual é a Lei criada pelo Governo passado que autoriza o financiamento das cooperativas. Mas é um fundo rotativo que deve retornar. A lógica do Município é o Orçamento Participativo. Mas nós já resolvemos esse problema no Jardim Protásio Alves, já resolvemos no Porto Seco, já resolvemos no Unidão, inclusive com liberação no próprio ano. Então, o Orçamento Participativo é uma forma de disciplinar as demandas, mas não é uma camisa-de-força, e o Município, desde que a comunidade demande, está aberto para discutir com o COP, está aberto para discutir com o Conselho da Região e para ajudar na criação dessa alternativa, para o que, aliás, houve uma delegação do meu Presidente: na quinta-feira passada, quando aqui estiveram os moradores pedindo a nossa interferência, o Presidente insistiu em que nós os acompanhássemos e fizéssemos todos os esforços no sentido de resolver a situação.

Então, Ver. Sebastião Melo, certamente faremos uma parceria que será um plano-piloto sério e correto para resolver essa situação. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, quero tratar do assunto da participação popular trazido aqui por não menos de dois representantes da “não-participação” popular. O Ver. Isaac Ainhorn, representante da não-participação popular, veio aqui, fez uma tese sobre socialismo, mas não respondeu sobre democracia participativa, não respondeu sobre democracia direta. Veio aqui, falou de todas as correntes do socialismo – não sei nem se ele compreende cada uma delas -, mas não falou sobre a democracia direta e sobre a democracia participativa. O Ver. Sebastião Melo diz que não nega o Orçamento Participativo, e o seu Governo acaba com o Orçamento Participativo; depois ele vem aqui e diz que quem primeiro implantou o Orçamento Participativo foi o atual Deputado Bernardo de Souza, que era do PMDB, mas agora já veio aqui para comemorar que o Governo não-sei-o-quê. Ele não se define, não tem posição política sobre democracia participativa. Pois então vamos colocar as coisas onde elas devem estar, Ver. Pedro Américo Leal, O Governo Federal, historicamente neste País – Ver. Wilton Araújo, o seu Partido faz parte do Governo; não adianta chegar aqui e falar como se não tivesse nenhuma responsabilidade; o Ministro Ciro Gomes faz parte do nosso Governo e espero que esteja contribuindo –, nunca privilegiou ou colocou como objetivo principal ampliar os canais de participação da sociedade, da população brasileira, o controle sobre o Orçamento, sobre seus governos. Portanto, no Governo Lula, nós estamos falando em avanço, nós estamos falando em um progresso na participação popular, estamos falando de um governo que tem ampliado todos os canais de participação da sociedade civil organizada, para um governo que não tinha nada de participação popular. É disso que se trata. No Governo Lula a participação popular, a participação por representação, qualquer participação que se dê significa um avanço da participação democrática no nosso País. É isso que tem de ser claro, seja em forma de conselho, seja o que for, porque não havia nenhuma participação efetiva da sociedade, fosse organizada - sociedade civil, entidades, conselhos, nada. Inclusive no governo que o Ver. Sebastião Melo tanto se orgulhou em representar, não havia nenhuma participação. No Governo do PMDB, o Governo Britto, não havia nenhuma participação. Ao apagar das luzes do Governo Britto, eles fizeram uma consulta popular, com as cartas já marcadas. Mas no Governo Federal há um avanço da participação da sociedade brasileira. E significa que no Governo do Estado há um retrocesso, porque o Governo do Estado já tinha alcançado a sua participação mais direta, que é o cidadão e a cidadã saírem de Casa e eles fazerem o debate, eles escolherem as prioridades, e, depois, eles escolherem as obras que são prioritárias, com a participação direta do cidadão. Então, se já tínhamos esse estágio, da participação direta da população, voltar ao sistema de representação, através de COREDEs e COMUDEs, sei lá mais o quê, isso significa um retrocesso na participação popular, na democracia direta.

O Ver. Isaac Ainhorn, inclusive, defende a tese em que o Legislativo opera sobre a autonomia do Executivo. O Ver. Isaac Ainhorn defende, inclusive, que é ilegal a participação popular, o que não é verdade, pelo simples fato de que, primeiro, está garantida na Constituição a participação popular e, segundo, porque a lei, que é a peça orçamentária, é elaborada pelo Executivo para ser entregue ao Legislativo. Portanto, o Executivo a elabora com técnicos, ou com a participação popular, ou com os COREDEs, ou com os COMUDEs, faça o que quiser, mas é o Executivo que a elabora. Não é o Legislativo que define como o Executivo a deve elaborar. E outra: o art. 48 da Lei de Responsabilidade Fiscal também defende a participação direta dos cidadãos. Então, há leis mais do que suficientes para transformar o OP, e o OP é legal. Mas o cerne, o centro do debate é onde é que tem avanço da democracia participativa, onde tem avanço da democracia direta. Num governo federal que há quinhentos anos nunca privilegiou a participação efetiva da sociedade civil, seja organizada, ou desorganizada, por movimentos, por sindicatos, ter conselhos, ampliar os canais de contato com a população, reuniões, sindicatos, isso significa avanço da democracia; um Governo que se vira para a sociedade e com ela constrói um Estado. Agora, aqui no Estado do Rio Grande do Sul tiram a possibilidade de a população participar diretamente da elaboração do Orçamento para voltar para um sistema representativo; isso é um retrocesso. Não vamos confundir as coisas para tentar confundir a população, porque ela não se confunde; ela sabe que no Governo Federal nunca teve nada, e que aqui nós já participávamos diretamente. Por isso é um retrocesso sair do Orçamento Participativo, mas de novo o Ver. Sebastião Melo não respondeu se vai ou não vai cassar, ele como Líder, e o seu Governo, o mandato dos conselheiros do OP que têm mandato até junho. Pois até o momento estão cassados esses mandatos na atitude mais autoritária e antidemocrática da história do PMDB da atual conjuntura nacional. O PMDB não pode aceitar isso na sua história, e não acredito que o faça, cassando o mandato dos conselheiros. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Beto Moesch está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. BETO MOESCH: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, nós, no ano passado, viemos várias vezes a esta tribuna para tratar de uma obra de mais de 5 milhões de reais que visa, que visava ou que pretendia fazer uma obra de esgotamento pluvial na Av. Diário de Notícias, colhendo águas de vários bairros da Zona Sul da Cidade, levando a água até uma baía entre o Iate Clube e o Clube Veleiros. Baía essa que, segundo o próprio Plano Diretor, é uma área turística, de recreação, de lazer, e que pela legislação federal e estadual é uma área de preservação permanente. Pasmem, então, que foi justamente essa a área escolhida para que toda a água das chuvas colhidas através, digamos assim, de um imenso cano, fossem levadas até essa baía de fundamental importância para o desenvolvimento da cidade de Porto Alegre. Além de mal escolhido o local para uma obra dessa envergadura, constatou-se que além do esgotamento pluvial levar-se-ia para ali também o esgotamento cloacal, porque o esgoto na cidade de Porto Alegre todo ele é misturado, cloacal com pluvial, segundo informações da própria Prefeitura, colhidas aqui no ano passado pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente. Mas os problemas não se encerram por aí. A obra não teve estudo prévio de impacto ambiental, não teve audiência pública. A licença ambiental da SMAM é de uma lauda e meia, uma obra de mais de 5 milhões de reais, que precisava de EIA-Rima e não teve. A licença é de uma lauda e meia, nem para uma padaria se faz uma licença de uma lauda e meia! Nós tentamos um acordo com a Prefeitura para que os estudos fossem mais aprofundados, porque a própria Prefeitura reconheceu que os estudos deveriam ser aprofundados; não aprofundou os estudos. Pedimos a suspensão da obra em função disso, não foi-nos sequer respondida a pergunta e a solicitação feita pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente à época. Restou a nós uma representação ao Ministério Público que se convenceu e pediu o estudo do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS, o IPH, que está fazendo, aliás, o Plano Diretor de Saneamento Básico para esta Cidade e concluiu que a obra não poderia ser feita daquela maneira, que o esgotamento não poderia se dar ali naquela baía e a Prefeitura continua teimando agora com o Ministério Público. Não aceitou nada que o Ministério Público solicitou, nada, absolutamente nada. Nós sugerimos várias alternativas, por exemplo, ao invés de levar o esgotamento cloacal e o pluvial até a baía, que se tratasse o cloacal, que se separasse o cloacal do pluvial e levasse esse esgotamento até o arroio Cavalhada, aliás, um projeto antigo do DNOS. Nada disso foi aceito nem perante o Ministério Público, o que restou ao Ministério Público foi uma Ação Civil Pública e foi dada a liminar e as obras, portanto, deverão ser refeitas, o planejamento. A obra está suspensa, mas o pior, quando levantamos esses quesitos, quando levantamos à opinião pública, o então Secretário Municipal de meio Ambiente - hoje Secretário-Geral de Governo - Sr. Gerson Almeida, disse que este Vereador estava fazendo alarde perante a opinião pública. Pois ele que responda por que o Ministério Público conseguiu, por intermédio do Poder Judiciário que seus bens estejam impenhoráveis, seus bens, aliás, estão inalienáveis. Ele não pode usar, ele não pode negociar os seus bens. Os seus bens estão inalienáveis, por quê? Por improbidade administrativa, por irresponsabilidade perante a gestão ambiental que lhe competia!

Ver. João Carlos Nedel, o pior não é isso, é que o DEP – e eu estava agora mesmo falando com o Sr. Airto Ferronato, pessoa que, este, sim, respeitamos por ser uma pessoa séria e sempre presente aqui conosco – ao tentar dar uma resposta aos alagamentos naquela área, dizia que a culpa era nossa, porque havíamos suspenso aquela obra irresponsável, que se está, inclusive, respondendo por improbidade administrativa! Negligenciaram os recursos de 5 milhões de reais dos cofres públicos! Essa é a Prefeitura de Porto Alegre, uma Prefeitura teimosa, que não responde a esta Casa, que não responde ao Ministério Público e que ainda culpa os Vereadores desta Casa pela sua irresponsabilidade, como fez lá no Bairro Cristal e em outros bairros, pelos alagamentos da cidade de Porto Alegre! Lamentável, Sr. Presidente. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Sou grato, Ver. Beto Moesch. O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ouvimos atentamente a fala do Ver. Beto Moesch sobre a questão dos alagamentos. Esta Casa sempre teve essa preocupação com os alagamentos, inclusive, ao longo do ano passado, fez inúmeras discussões. Mas, ao mesmo tempo, também mostrando que esta Casa é sensível, votou, na Lei de Diretrizes Orçamentárias, uma verba significativa, aumentando em quase 2% os recursos que o DEP vai investir no ano de 2003.

Sabemos que os problemas de alagamentos de Porto Alegre não serão solucionados. E aqueles que têm dúvida, verifiquem e assistam à televisão para ver que os problemas de alagamentos ocorrem em todas as grandes cidades do nosso País. E nós, aqui, por sermos uma Cidade junto ao rio, temos maiores problemas.

Mas, também, nós temos que ter o reconhecimento de ver que aqueles pontos que, sistematicamente alagam, estão sendo tomadas providências por parte do Executivo. E nós temos acompanhado de perto isso. O Sr. Airto Ferronato, Diretor do DEP, tem tido essa preocupação, montou dentro da estrutura do Governo Municipal, aquilo que pode-se fazer junto com as comunidades. E os senhores e as senhoras lembram, também, que um dos maiores problemas no ano passado, aqui discutido, foi a questão do Bairro Floresta, em que um colégio veio, sistematicamente, aqui nesta Casa e houve um acordo assinado pelos 33 Vereadores, com o Prefeito e mais o DEP, órgão imediato, para ver de que forma solucionar. Agora, solução essa não de um dia para outro, solução que vai ser pautada ao longo de alguns anos, porque são obras que exigem grandes investimentos.

Esta é uma manifestação em cima do tema, mas queremos falar um pouco de um Projeto, de nossa autoria, que está tramitando aqui na Casa, e, vou solicitar que cada Vereador - eu vou passar uma cópia -, discuta e ajude a aprimorar, porque é um projeto simples, mas ele vai ter uma grande relevância social, é o chamado Disque Solidariedade. E o que é esse projeto Disque Solidariedade? O município de Porto Alegre vai disponibilizar um telefone, que vai ser veiculado a toda população, e aquelas pessoas que quiserem fazer doações, dirijam-se a esse telefone. E que tipo de doações podem ser feitas? Nós elencamos algumas, mas poderão ser feitas outras. Colocamos, por exemplo: gêneros alimentícios não perecíveis; material de construção; livros; roupas; produtos ortopédicos; órteses e próteses; aparelhos de audição; cadeiras de rodas. Então, elencamos um número infinito de elementos que a população, muitas vezes, tem em casa, quer doar e não sabe como fazer. Através deste projeto nós estamos disponibilizando isso.

Tivemos o cuidado, também, de colocar a Fundação de Assistência Social e Comunitária, FASC, neste projeto, que será o órgão centralizador e distribuidor junto às entidades cadastradas. O que a FASC vai ter de fazer? A cada 6 meses vai ter que apresentar um relatório, mostrando à sociedade quais as entidades que foram beneficiadas e que tipo de produtos beneficiaram. Entendemos que a sociedade civil, como um todo, poderá fazer a doação, e as diversas entidades, carentes, filantrópicas, poderão receber.

Eu penso que é uma parceria simples que a sociedade poderá fazer com o Município. E nós gostaríamos de pedir a atenção dos Srs. Vereadores, das Sr.as Vereadoras para que lessem o Projeto, colocassem idéias, sugestões, críticas para que nós possamos, realmente, fazer desta Cidade uma Cidade mais humana e mais solidária. E por que não, num plano mais ambicionado, que este Projeto, instituído em Porto Alegre, possa servir de modelo para todo o Brasil e talvez o próprio Governo, em nível federal, possa utilizar, já que se fala hoje na questão da Fome Zero, por que não falar também de uma questão de solidariedade? Existe um velho ditado bíblico que diz que ninguém é tão pobre que não tenha nada a dar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 2006/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 123/02, de autoria da Ver.ª Clênia Maranhão, que altera o art. 9º da Lei n.º 5.456, de 23 de outubro de 1984, e alterações posteriores, que define Pontos de Estacionamento para o serviço de transporte de passageiros em veículos de aluguel - Táxi - e estabelece normas.

 

Pareceres:

- da  CCJ. Relator Ver. Reginaldo Pujol: pela aprovação do Projeto;

- da  CUTHAB. Relator Ver. Valdir Caetano: pela aprovação do Projeto;

- da  CEDECONDH. Relator Ver. Paulo Brum: pela aprovação do Projeto.

 

Observação:

- incluído na Ordem do Dia em 24-02-03.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL n.º 123/02, de autoria da Ver.ª Clênia Maranhão. (Pausa.)

 

O SR. WILTON ARAÚJO (Requerimento): Solicito o adiamento da discussão do referido Projeto por uma Sessão.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Wilton Araújo. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 2873/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 183/02, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua José Grisolia um logradouro público cadastrado, localizado nos Bairros Mário Quintana e Rubem Berta.

 

Pareceres:

- da  CCJ. Relator Ver. Luiz Braz: pela aprovação do Projeto;

- da  CUTHAB. Relator Ver. Raul Carrion: pela aprovação do Projeto;

- da  CECE. Relatora Ver.ª Maria Celeste: pela aprovação do Projeto.

 

Observação:

- incluído na Ordem do Dia em 24-02-03.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL n.º 183/02. (Pausa.) Não há quem queira discutir. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 3206/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 105/02, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que concede o título honorífico de Honra ao Mérito Atlético à atleta Júlia Matzenbacher dos Santos.

 

Pareceres:

- da  CCJ. Relator Ver. Juarez Pinheiro: pela aprovação do Projeto;

- da  CECE. Relator Ver. Haroldo de Souza: pela aprovação do Projeto.

 

Observação:

- incluído na Ordem do Dia em 24-02-03.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PR n.º 105/02. (Pausa.) Não há quem queira discutir. Em votação. O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para encaminhar a votação do PR n.º 105/02.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, quero, primeiramente, parabenizar o Ver. João Bosco Vaz pela iniciativa, e, ao mesmo tempo, informar V. Ex.as sobre a atleta Júlia Matzenbacher dos Santos, que é hoje a maior atleta do Rio Grande do Sul, na modalidade de triatlo, uma das maiores atletas do Brasil. No ano passado, ela teve oportunidade de estagiar alguns meses nos Estados Unidos, e é daquelas atletas que têm contribuído, e muito, para o desporto de Porto Alegre, do Rio Grande do Sul e nacional. Portanto, de uma maneira simples e singela, gostaríamos de fazer essa referência e ao mesmo tempo dizer que encaminhamos favoravelmente ao Projeto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em votação o PR n.º 105/02.  Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

Não há mais Projetos na Ordem do Dia. Passamos aos Requerimentos.

Requerimento n.º 025/03 de autoria do Ver. Raul Carrion, Moção de Apoio à Manutenção do Consulado de Portugal em Porto Alegre.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS (Requerimento): Sr. Presidente, como não foi distribuído os Requerimentos na Ordem do Dia para os Vereadores, estamos sem saber os seus conteúdos. Sugiro a suspensão por alguns minutos para que pudéssemos acordar a votação dos Requerimentos.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Só há um Requerimento. (Lê.) “O Vereador que subscreve a presente proposição, de conformidade com art. 95, do Regimento, requer seja aprovada Moção de Apoio à Manutenção do Consulado de Portugal em Porto Alegre. Sentimento este compartilhado não apenas pela grande colônia portuguesa em nosso Estado, mas, também, pelas autoridades municipais e estaduais, bem como pelo conjunto do povo rio-grandense.“ Assina o Ver. Raul Carrion. Mas acompanham mais de duas dezenas de Vereadores.

É o único Requerimento para ser votado na data de hoje.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar o Requerimento n.º 025/03, de autoria do Ver. Raul Carrion.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o movimento no sentido da manutenção do Consulado de Portugal em Porto Alegre, que toda a Casa deve ter assinado, acredito que se algum dos Srs. Vereadores não assinou o Requerimento foi por inadvertência, porque não lhe foi colocado à disposição, creio eu que pelo menos o quórum da data em que foi protocolado o Requerimento, em 24 de fevereiro de 2003, todos aqueles que se encontravam no mandato aqui firmaram o documento.

De certa maneira, o Legislativo de Porto Alegre encontra-se um pouco atrasado, nesse particular, porque a Assembléia Legislativa já tomou providência nesse sentido e urge que nós também nos integremos nessa movimentação que foi inclusive alvo de uma visita feita ao Rio Grande do Sul, a Porto Alegre, à Câmara de Vereadores, do Deputado que representa as províncias ultramarinhas no Congresso português, que é um português que foi radicado no Brasil, por longos anos, e que, no final de dezembro do ano passado, esteve em visita à Câmara de Vereadores, sendo que, coincidentemente, eu me encontrava na presidência da Casa, naquele dia, e eu o recebi e observei que a colônia portuguesa, não só radicada em Porto Alegre, como no Rio Grande do Sul, tem um empenho muito forte para que isso venha a ocorrer.

Acontece que a comunidade européia estabelece para os seus vários integrantes algumas regras, entre as quais, um certo contingenciamento dos seus orçamentos que não podem extrapolar em valores específicos. Com a necessidade de criar-se novos consulados de Portugal em alguns países onde a colonização portuguesa, nos últimos tempos, tem-se dado de forma mais intensa, e considerando que a colonização portuguesa no Rio Grande do Sul e em Porto Alegre reduziu de intensidade, Porto Alegre e o Rio Grande do Sul ficaram na berlinda, correndo o risco de ver esse Consulado aqui terminado, fechado; então, se justifica a Moção que o Ver. Raul Carrion requer e que tem o apoio da Casa por inteiro, na medida em que é preciso que se demonstre às autoridades de Portugal o interesse de nós gaúchos de se manter esse Consulado aqui. Quando se perde um Consulado começam a se registrar problemas. Alguns anos atrás se perdeu o Consulado Americano aqui em Porto Alegre, e todos nós sabemos das complicações que os gaúchos passaram a ter a partir daquele momento. Nós temos, especialmente, a Porto Alegre do Porto dos Casais, a vinculação umbilical com a comunidade portuguesa e certamente que nós haveríamos de cometer uma desatenção muito grave se nós não nos somássemos com a brevidade devida a esse movimento que se faz em várias cidades do Rio Grande do Sul, que já repercutiu na Assembléia Legislativa do Estado, penso eu, através do Deputado Bernardo de Souza, e para que não venha a se completar esse ato que será extremamente lamentável.

Por isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu estou na tribuna em nome do Partido da Frente Liberal, para reafirmar a nossa assinatura, colocada aqui neste Requerimento quando nos foi solicitada pelo Ver. Raul Carrion, e deixando textual o nosso apoiamento, apelando para que a Casa o faça por unanimidade com a brevidade devida para que os procedimentos possam se suceder, gerando condições objetivas de influência na decisão a ser tomada muito breve pelo Governo de Portugal, que saibam eles que se isso ocorresse será para desagrado dos gaúchos em geral, e em especial para a cidade de Porto Alegre, a Porto Alegre dos Casais, cujos representantes legitimamente escolhidos de forma unânime, sem dúvida nenhuma, manifestaram essa preocupação e manifestaram esse desejo de continuar a contar aqui na nossa Cidade com o Consulado de Portugal, para que se continuem esses vínculos históricos que reúnem a Nação lusa à Nação portuguesa, com o povo gaúcho e com o povo de Porto Alegre. Era isso, Sr. Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Grato, Ver. Reginaldo Pujol. O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para encaminhar o Requerimento n.º 025/03, de autoria do Ver. Raul Carrion.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu acho que a iniciativa do Ver. Raul Carrion é extremamente importante por todos os fatores, sem dizer-se o fator de brasilidade, é o descobridor, que tem aqui, em Porto Alegre, há algumas décadas, o Consulado, que é um ponto de referência e de relação permanente do Rio Grande do Sul com a pátria-mãe, Portugal.

Sou de uma colônia que vem dos Açores, Santo Antonio da Patrulha, conhecido de todos, e há tantas espalhadas pelo Rio Grande do Sul, além de uma contribuição forte de portugueses ligados a todos os setores da atividade nossa, enfim, atividade comercial, serviços.

Então, sair daqui o Consulado de Portugal... Nós até deveríamos aprofundar, investigar as razões mais profundas, porque não encontramos justificativas. Questão diplomática não é; talvez razões de ordem econômica de Portugal - também tem uma pequena significação, porque os Consulados, de regra, são departamentos, por assim dizer, quase que franciscanos, têm custos baixíssimos. Então, não vemos razões para que saia daqui o Consulado de Portugal. E seria de perguntar: saem dos outros Estados brasileiros? São informações que poderíamos colher. Há alguma razão, no Rio Grande do Sul?

E eu e o Ver. Reginaldo Pujol somos sócios - e, talvez, tenha outros - da Casa de Portugal, onde, permanentemente, nos encontramos na data magna de Portugal, a data de Camões, e também temos uma série de festividades na Casa de Portugal, onde comparecem autoridades de Portugal e, atualmente, o Cônsul; antes era uma Consulesa que representava Portugal. Então, acho que esta Moção, Ver. Raul Carrion, nós vamos aprovar, evidentemente. Mas vamos continuar na trilha tentando, de todas as formas, através de um movimento que é de outros setores no sentido de manter na nossa Cidade o Consulado de Portugal pela sua importância e mais, pelos laços históricos de Brasil e Portugal. Afinal de contas, aqui aportaram as primeiras naus: Santa Maria, Pinta e Niña que chegaram à Bahia, descobrindo o nosso País. Trata-se de um vínculo e não se entende por que aqui, do Rio Grande do Sul e de Porto Alegre retirarem o Consulado. Duvido que saia da Bahia, acredito que não. Mas é importante que se investigue.

Portanto, o Requerimento haverá de ter a unanimidade, porque hoje nós vivemos essa globalização inquestionável, e para que as boas relações de Porto Alegre, do Estado com Portugal tenham o instrumento no Consulado para desenvolverem-se, ainda mais, esses laços de fraternidade, hospitalidade e cordialidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Quero anunciar a indicação do Ver. Aldacir Oliboni, pela importância e urgência, ao Sr. Ministro da Saúde Humberto Costa que chegará a Porto Alegre na próxima quarta-feira. (Lê.) ”Por ocasião da vinda do Ministro da Saúde Humberto Costa à Porto Alegre na quarta-feira próxima, o Vereador que este subscreve requer a Vossa Excelência que, após os trâmites regimentais, esta Casa Legislativa aprove requerimento solicitando ao Sr. Ministro um estudo sobre a viabilidade da extinção da chamada cota consulta, ou teto, em urgências e emergências em hospitais que atendem pelo Sistema Único de Saúde. Tal solicitação se justifica ao constatarmos, quase que diariamente, os inúmeros cidadãos e cidadãs brasileiras que recorrem a um pronto atendimento e não o obtém em razão do término das consultas determinadas pelo Sistema Único de Saúde. Sabedores que somos das dificuldades financeiras do País, herdadas ao longo das administrações anteriores, não estamos, com esta proposição, exigindo o fim imediato da cota consulta e sim o oferecimento de alternativas e propostas que possibilitem um avanço no atendimento profilático e no atendimento das especialidades na saúde pública ao povo brasileiro. Sala das Sessões, 24 de fevereiro de 2003. Vereador Aldacir Oliboni.”

Ver. Reginaldo Pujol.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: V. Ex.ª acaba de informar a Casa de uma indicação, se bem entendi, firmada pelo Ver. Aldacir Oliboni. Correto?

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Certo.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Essa indicação, até num equívoco, no meu entendimento, do Regimento, não é submetida mais à Casa, imediatamente é deferida. O Regimento foi alterado, e ela não é mais submetida ao Plenário da Casa. Apregoada, tem que ser apregoada, mas não passa por deliberação do Plenário da Casa.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Vereador, se assim é, fico até muito contente, porque realmente é um assunto extremamente importante, mas foi a Diretoria Legislativa que me entregou. Eu entendo que realmente é só apregoada e não há necessidade de votação.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Eu faço esse registro porque nós não vamos nos manifestar sobre o assunto exatamente porque não cabe.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Sou grato. O importante era apregoar, e está aqui a indicação ao conhecimento de todos os Srs. Vereadores.

O Ver. Raul Carrion está com a palavra para encaminhar o Requerimento n.º 025/03, de sua autoria.

 

O SR. RAUL CARRION: Ex.mo Ver. João Antonio Dib, Presidente desta Casa, demais Vereadores, Vereadoras, eu queria em primeiro lugar dizer que entendo que essa proposição, esse Requerimento que tive a honra de fazer, é, na verdade, de toda a Casa.

Nós temos aqui assinatura de todas as Lideranças, Vereadores e, evidentemente, é um consenso essa necessidade.

Eu queria rapidamente - não usarei os cinco minutos - dizer, como alguns que me antecederam afirmaram, que é um interesse mútuo a existência do Consulado de Portugal em Porto Alegre.

Devemos ter em conta que no Rio Grande do Sul nós temos quatro mil portugueses residindo aqui. Não são descendentes de portugueses. Quatro mil portugueses e milhares e milhares de descendentes de portugueses.

A colonização portuguesa iniciou no Rio Grande do Sul já em 1737, em Rio Grande. Portanto, temos cerca de 265 anos de colonização. Esses laços são históricos.

E, no mundo de hoje, de uma globalização, infelizmente, neoliberal, mas que é possível uma globalização fraterna dos povos, o Brasil para ocupar, inclusive, esses espaços, Portugal é uma porta de entrada fundamental, assim como para a América do Sul, para a América Latina, para todo o Mercosul, Porto Alegre é uma porta de entrada, é uma porta de relação fundamental, ainda mais que Porto Alegre tem se caracterizado por ter jogado um papel no mundo através do Fórum das Autoridades Locais, do Fórum Social Mundial, do Fórum Mundial de Juízes e tantas outras iniciativas que colocaram Porto Alegre no coração do mundo.

Por tudo isso, é incompreensível o que chamamos de economias burras - usando o vulgar - perderem um ponto de referência no seio da América Espanhola, como é a cidade de Porto Alegre.

Queria, também dizer que nós, em tempo, agregamos para quem deve ser encaminhado essa Moção, que não havia no corpo da Moção. Então a nossa proposta, uma vez aprovada, deverá ser encaminhada ao Embaixador de Portugal, ao Prefeito Municipal de Porto Alegre, para que tome conhecimento e também faça os movimentos necessários, ao Governador do Estado do Rio Grande do Sul, que já enviou ao Embaixador uma correspondência, está aqui nos autos do processo, ao Presidente da Assembléia Legislativa e ao Sr. Davide Raimundo Quitans, que foi quem nos procurou, nos trouxe a idéia, nos instruiu para podermos cumprir esse papel aqui nesta Casa. Então, nem preciso pedir o apoio dos pares, porque todos já assinaram, estão dando o seu apoio, e tenho a certeza de que depois, Ver. Elói Guimarães, a própria Casa - porque a Moção é só uma tomada de posição e não me cabe, evidentemente, interferir no encaminhamento da Mesa -, acredito que a Mesa poderia ter iniciativas concretas; contato possivelmente telefônico com o Embaixador, com o nosso Embaixador em Portugal, para que faça isso.

Temos aqui a notícia, o Ver. Carlos Alberto Garcia estava comentando que no dia 20 de março será feita uma homenagem ao atual Presidente da Casa de Portugal, que, aliás, é outra referência importante na nossa Cidade. A Moção é extremamente importante, tem um peso grande, mas acho que a Casa poderá fazer muito mais. Eu acho que não podemos perder o Consulado de Portugal aqui, e a Casa jogará um papel nesse sentido. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para encaminhar o Requerimento n.º 025/03, de autoria do Ver. Raul Carrion.

 

O SR. CLAUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, somos, entre as capitais brasileiras, a sétima ou oitava cidade do Brasil. Dispensável dizer-se da importância política da capital do Estado do Rio Grande do Sul. Já fomos, diplomaticamente, desconsiderados, quando países, como os Estados Unidos, fecharam seus consulados na cidade de Porto Alegre. Diga-se de passagem que os Estados Unidos, muitas vezes, não mandava para cá o melhor da sua diplomacia, ao contrário. Para imensa surpresa nossa saiu no noticiário que o Secretário Luiz Roberto Ponte estava demandando, junto às estruturas democráticas portuguesas, no sentido de que não fosse extinto o consulado em Porto Alegre. Nós, que prezamos tanto as nossas raízes, nós, que admiramos tanto a nação portuguesa, o seu povo cordial, dócil, amável, fidalgo, gostaríamos de manter, em caráter permanente, a cidade de Porto Alegre ligada às estruturas diplomáticas, não só portuguesas como também de todo continente europeu, especialmente das grandes nações do mundo, onde as possibilidades de comércio, de troca cultural, de redes de comunicação são muito maiores. Trata-se da nossa busca daquelas raízes que, chegando aqui no Rio Grande do Sul, tanto caracterizaram a nossa arquitetura, a nossa língua, os nossos costumes, a nossa arte, e que, de repente, são amputadas através da ausência de uma representação oficial, formal da cidadania portuguesa.

O que mais me espanta, ainda, é o tratamento que é dado às embaixadas e consulados dos países periféricos, que às vezes é constrangedor e lamentável. Muitas vezes, Ver. Raul Carrion, a quem dou os parabéns pela iniciativa, nós somos relegados a um plano secundário, um País que já tem cento e oitenta milhões de brasileiros, da importância do Brasil, com a 5.ª ou 7.ª capital brasileira, com nossa situação geopolítica, pois é inconcebível que se fechem consulados hoje em Porto Alegre, especialmente o do grande útero, de Portugal, da Península Ibérica, que gerou tantas outras colônias e tantas outras culturas, e, principalmente, de idéias que foram-se divulgando pelo mundo através dessa disseminação da língua portuguesa.

Por isso, eu quero cumprimentar o Ver. Raul Carrion. Vou assinar a Moção com todo prazer, e tenho uma sugestão: que V. Ex.ª coloque nesse circuito, para interferir diretamente, o Ministro Celso Amorim. Porque me parece inconcebível, incompatível com a grandeza das duas nações que haja esse tipo de ruptura com uma cidade que é, no mínimo, a Capital do MERCOSUL, a Capital do Fórum Social Mundial e uma das mais belas cidades do Mundo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para encaminhar o Requerimento n.º 025/03, de autoria do Ver. Raul Carrion.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, vamos fazer uma manifestação rápida, mas entendemos que essa temática é por demais importante e até algumas questões que já foram faladas aqui sobre a colonização. Também é importante lembrar que a nossa cidade, Porto Alegre, foi colonizada por portugueses, vindos diretamente da Ilha dos Açores. Temos a informação de que Curitiba e São Paulo são as duas cidades onde vão continuar os consulados. Então, imaginem os senhores que por qualquer problema as pessoas terão de se deslocar, por via rodoviária, tomando um ônibus para viajar 16 a 18 horas, criando um transtorno desnecessário. Entendemos que não é simplesmente a retirada do consulado que vai resolver o problema, até por que os gastos não são tão grandes que não mereçam; Porto Alegre e o Rio Grande do Sul merecem essa deferência, pelos vínculos que temos.

Também queremos registrar, e o Ver. Raul Carrion já havia falado, que no dia 20 de março o Sr. Roberto Amaral, Presidente da Casa de Portugal, vai receber um título aqui nesta Casa, de líder comunitário, e o Cônsul de Portugal estará presente. Então, esse será um bom momento para esta Casa retribuir - esta Casa é uma casa política, de relações; seguidamente temos a visita de cônsules - e essa manifestação poderá mostrar o carinho e o apreço da população de Porto Alegre para que continue esse serviço.

Portanto, em nome do PSB, Ver. Raul Carrion, queremos parabenizá-lo por essa iniciativa e depois de aprovada esta Moção, ela passa a ser a Moção da Câmara de Vereadores e a Moção da cidade de Porto Alegre. Parabéns! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Darci Campani está com a palavra para encaminhar o Requerimento n.º 025/03, de autoria do Ver. Raul Carrion.

 

O SR. DARCI CAMPANI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, até me inscrevi, Ver. Elói Guimarães, porque V. Ex.ª estava fazendo uma intervenção e como não era permitido aparte, fui obrigado a me inscrever e pedir ao nosso Líder para fazer a inscrição.

Mas, infelizmente, pelo que temos tido de informação, esses constantes fechamentos de consulados são por questões econômicas. Infelizmente os governos estão lá, longe de saberem a nossa realidade aqui, e, na hora de cortes de gastos, primeira coisa, tira-se o que é para eles “perfumaria”, mas que, para nós, poderá ser uma coisa muito importante, como o Ver. Raul Carrion já falou. São mais de quatro mil portugueses não-descendentes, então ter-se-ia de somar todos os descendentes de portugueses, que estarão ao desabrigo, tendo que pegar um ônibus, um avião, como o Ver. Carlos Alberto Garcia falou, para irem até São Paulo, Brasília, para conseguirem qualquer referência com a sua pátria, da qual são cidadãos. Há cidadãos aqui dessas pátrias que estão retirando daqui os seus consulados. Nós vemos um movimento pelo qual, a cada ano, um consulado é retirado. A economia não é tão pequena, porque ter um consulado implica ter um corpo consular, implica ter um cônsul e toda uma assessoria que é característica de um consulado, além da sede em si do consulado. É lógico que o aluguel da sede de um consulado de Portugal aqui não deve ter o mesmo valor do aluguel da Embaixada Brasileira na Alemanha, que é milhões de dólares. Aqui, o aluguel do Consulado de Portugal deve ser um pouco mais compatível com a economia de Portugal, mas realmente é uma preocupação. A Moção veio no momento certo, porque deveria ser encaminhada para o Governador, para o Prefeito, pois temos de refletir também sobre as repercussões financeiras para o Estado, porque, à medida em que cada consulado vai fechando, as relações comerciais também, acabam-se diminuindo, ficando mais tênues e menos intensas. Quem sabe se o Governo do Estado, a Prefeitura, se o Convention Bureau e várias entidades se reunirem, não seria de se fazer uma peregrinação nas Embaixadas lá em Brasília, procurando captar para um projeto que pode ser, quem sabe, uma estrutura consular em Porto Alegre que pudesse abrigar vários consulados e em cima disso reativar os consulados que quisessem fechar aqui - recentemente o consulado dos Estados Unidos foi fechado e sabe-se da necessidade de vistos para os Estados Unidos, o que é difícil, tendo-se de ir a São Paulo.

Portanto, a moção do companheiro Ver. Raul Carrion chega no momento certo exatamente para tentarmos dar um basta e quem sabe fazermos um movimento que esta Casa pode, por intermédio da presidência, desenvolver na reconquista de alguns consulados.

O Ver. Elói Guimarães, na sua fala, comentou a respeito da questão do Descobrimento do Brasil. Quando dos 500 anos do dito “Descobrimento do Brasil”, houve, em Porto Seguro, o Simpósio Luso-Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, onde tivemos bastante contato com os portugueses que dele participaram. Estranhou-me como é que eles designam o dito “Descobrimento do Brasil”. Eles, que nos descobriram, não chamam de descobrimento, chamam de “achamento”. Então, nós, na nossa cultura colonialista, na cultura de quem foi colonizado, dizemos “descobrimento”, mas aqueles que nos “descobriram”, sabem que eles não nos “descobriram”, mas que nos “acharam”, “acharam” o Brasil.

Então, eu acho que deveríamos começar a usar conceitos também que, culturalmente, são completamente diferentes e que são importantes para precisar o que realmente aconteceu na história da espécie humana. Não se “descobre”, o Brasil já existia, já existiam as terras, os índios, todo mundo já estava aqui, já existia aqui uma cultura, quem sabe, até mais rica do que podemos ter hoje, com os nossos povos indígenas que habitavam esta terra aqui.

Então, parabéns, Ver. Raul Carrion, pela Moção, porque realmente veio num momento certo! E eu acho que há outros movimentos que a Casa aqui pode fazer com a Prefeitura e o Governo do Estado. Temos tantos defensores aqui do Governo do Estado, tantos representantes do Governo do Estado, que pode ser que eles encaminhem isso no sentido de resolver essa saída constante de consulados aqui de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em votação o Requerimento n.º 025/03, de autoria do Ver. Raul Carrion. Os Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

Passamos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

O Ver. Dr. Goulart está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, o Grande Expediente começa pela letra “C”, com o Ver. Carlos Alberto Garcia.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, V. Ex.ª chamou o que primeiro estava inscrito para o período de Comunicações, na verdade.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, começa realmente comigo, mas o Ver. Dr. Goulart está inscrito. Eu transponho o meu tempo para o Dr. Goulart ser o primeiro, com a concordância dos demais.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Dr. Goulart está com a palavra por transposição de tempo do Ver. Carlos Alberto Garcia, em Grande Expediente.

 

O SR. DR. GOULART: Sr. Presidente, queria agradecer ao colega Ver. Carlos Alberto Garcia o entendimento desta transposição de tempo.

Sr.as Vereadoras, Srs. Vereadores, eis que existe um partido - e eu sempre falo em saúde, hoje vou falar em política, em saúde de um partido - chamado PDT, que é um partido que tem uma bela história. Se formos estudar a história dos partidos da nossa terra, da nossa pátria, com certeza, entre os primeiros, na coerência do atendimento, na coerência filosófica, na coerência de sua ideologia, o PDT estará entre os primeiros. É um partido bastante afinado com o povo brasileiro e com os segmentos necessitados desse povo: da mulher, do negro, do índio, da criança.

Na história da criança, ele já se preocupa com a criança dentro do ventre materno, desde a época pré-natal. Por isso é um partido bonito. Preocupou-se, profundamente, com a educação, baseado nos princípios e nos pensamentos de Leonel Brizola, que espalhou colégios pelo Rio Grande e que, depois, em um momento forte, no Rio de Janeiro, deu o exemplo dos CIEPs, que todos os outros governos entendem que é caro, que é muito caro. Até parece uma comparação com o momento da abolição da escravatura, quando a Pátria os libertou porque eles eram caros, estavam representando um gasto muito forte para o patrão e para as elites dominadoras e escravagistas. E assim se fala dos CIEPs. O que é o CIEP? É a retirada da criança da rua, é um momento oportuno de aculturamento das pessoas que só ficam sabendo das coisas pela televisão, pelo rádio, ou por informações nos bairros; e nós temos visto que os mais pobres ficam um pouco à deriva. Lá dentro do CIEP eles têm aulas, têm reforço durante a tarde, têm alimentação, têm atendimento médico. Mas não se quer falar em CIEP, porque CIEP é caro, é muito caro. Muito mais caro é mantê-los na cadeia, na prisão. Muito mais caro é isso, senhores e senhoras. Então, como que é caro investir na formação das classes menos abastadas, quando isso resolveria o problema da presença das crianças das ruas?

Acontece que o Partido de que lhes falo há muito tempo não tem apresentado sequer, dentro da nossa sociedade, um brilhareco. O PDT meio que parou, meio que foi parando, meio que se está acomodando, e isso não deve acontecer. Leonel Brizola, que é o comandante, que tentou ser o condestável desta Pátria e que é um dos maiores estadistas vivos deste espaço sul-americano, informa-se mal, assessora-se mal, envolve-se muito mal com os políticos que lhe levam histórias, como se a “Província” estivesse abandonada e o Centro do País é que mandasse outra vez. E já se rebelaram os Farrapos contra esse tipo de coisa, tão na moda, como mostra a televisão, neste momento. Brizola não sabe das coisas que acontecem no Estado do Rio Grande do Sul e assina pelos homens que o informam, que lá vão, de viagem, ao seu apartamento; que lhe mandam e-mail. Ah! Os Vereadores mandam e-mail para Brizola, e Brizola não responde. A saúde se preocupa em firmar o Programa do PDT, e Brizola não responde! Caudilho é Brizola, mas que bonito, que caudilho bonito que ele é! E a gente o desculpa pela grande história que tem, pelos grandes momentos em que defendeu esta terra, em que defendeu este povo, em que foi um homem verdadeiramente libertário.

Mas no momento em que, informado, tenta influenciar de cima para baixo a nossa terra, isso nos espanta. Onde estão os princípios democráticos que estão escritos na sigla do Partido: PDT? Partido Democrático! E digo isso por quê? Porque se avizinha, mais uma vez, o encilhamento do Partido no Rio Grande do Sul, onde os políticos de escol, que lá estão governando, querem de novo tomar conta de nosso Partido, esquecendo-se das lideranças que surgem, esquecendo-se de investir em novos momentos para que o Partido novamente se apresente como um Partido da vontade do povo. Está escondido e quieto o PDT, porque Brizola - repito, várias vezes - está mal-informado das coisas que acontecem.

Agora o Partido apresenta três nomes, três nomes para que Brizola venha, em um determinado momento, e diga: “Eu quero este.” E a vontade de quem amassa o barro? - como dizem aqui, como se costuma dizer; eu aprendi, depois de político, a falar nesse tal de “amassamento de barro”. O que se quer dizer das pessoas que freqüentam as vilas, que vão nos lugares mal-habitados para tentar conseguir o voto para o Partido? Mais uma vez não vão ser ouvidas? Será que Brizola vai chegar aqui e dizer que é um dos três, ou vai aparecer um quarto elemento? E quem ele apresenta? O Dep. Collares, um bom nome! O Dep. Pompeo de Mattos para Presidente do Partido, um bom nome, um belo político, um homem trabalhador, que trabalha fim de semana incessantemente, que faz milhares de votos. E Paulo Azeredo? Quem é Paulo Azeredo? Paulo Azeredo é o nosso Deputado Estadual. E, neste momento, acho importante valorizarmos a figura de Paulo Azeredo, porque talvez não represente o continuísmo que os outros políticos possam vir, em algum momento, a representar. Paulo Azeredo, embora não tenha milhares de votos de Pompeo de Mattos, não tem na sua biografia a história de ter sido Governador do Estado e Prefeito da Capital, como o nosso querido Dep. Collares; pode representar a vontade dos que não têm sido ouvidos dentro do Partido. Pelo menos, em um primeiro momento, parece-me uma posição mais libertária dentro de um partido que tem recebido de cima para baixo a sua orientação, e, por isso, é um partido morrente, e por isso não é um partido que represente a vila. Perderam as associações para partidos mais populares; perderam as reuniões com as lideranças dos bairros. Isso não pode acontecer. Paulo Azeredo talvez não seja o mais experiente de todos, mas talvez represente a vontade do interior; talvez represente, como eu disse, a história libertária neste momento do País.

Claro que podemos vir a escutar Pompeo de Mattos, um belo Deputado; claro que podemos vir a escutar Alceu Collares, mas, neste momento, nós precisamos dizer: “Basta! Comandante, seja democrático! Deixa o PDT do Rio Grande do Sul acontecer!” Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Sou grato ao Ver. Dr. Goulart, que trocou o seu tempo com o Ver. Carlos Alberto Garcia, que cedeu seu tempo ao Ver. Marcelo Danéris, que falará na oportunidade.

O Ver. Carlos Pestana está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. CARLOS PESTANA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, aproveito a oportunidade do Grande Expediente para informar, aproveitando esse debate, esse tema que tem sido pautado nesses últimos dias, nesta Casa, para informar que eu estou desarquivando Projeto de minha autoria, que é mais simbólico, mas eu acho que ganha força política em função das ações que o Governo do Estado andou fazendo neste último período, que é instituir o dia, inicialmente o dia 11, mas, enfim, pela associação com os atentados de Nova Iorque, acabou-se passando para o Dia 13 de Setembro como o Dia da Democracia Participativa. É um Projeto de minha autoria que encaminhei no ano passado, mas,  pela burocracia da Casa, não foi possível a sua aprovação, mas eu acho que ele ganha força e ganha atualidade uma vez que o próprio Governo do Estado, hoje, como já viemos colocando aqui nesta tribuna, acabou terminando com o Orçamento Participativo. A idéia desse dia, dessa data, serve para que possamos, nesta Casa, fazer um debate, uma reflexão sobre a importância da democracia participativa. Vários Parlamentares que me antecederam nesta tribuna já questionavam uma aparente contradição entre a nossa disposição, o nosso compromisso com o OP e o que foi anunciado pelo nosso Governo em nível federal. Acho que o Líder da nossa Bancada foi muito feliz, o companheiro Marcelo Danéris, quando sinaliza que esse histórico do ponto de vista do Estado representa um retrocesso, já que o Estado já tinha constituído aqui um OP, onde possibilita essa relação direta entre o Secretário, o Executivo e o cidadão da Cidade. No Governo Federal uma relação totalmente diferenciada, o governo, até hoje, não tem nenhuma forma democrática de relação. Eu tenho a convicção, apesar das dificuldades apontadas neste Governo, que o nosso Governo Federal também vai operar e construir a democracia participativa, porque foi ela que fez de Porto Alegre uma referência fundamental do ponto de vista de gestão pública, não só no nosso País, mas para o resto do mundo. Essa experiência extremamente positiva pode ser o grande avanço do Governo Lula no sentido de dar sustentação política às suas ações, sustentação política a seu programa de governo, que vai viabilizar as reformas que o País tanto exige e pelas quais tanto clama.

É nesse sentido que eu reafirmo a minha convicção de que também no Governo Federal teremos formas, talvez não exatamente as que construímos aqui no Estado e no município de Porto Alegre, mas certamente teremos formas de democracia participativa, porque ela constitui elemento fundamental de gestão pública, que aproxima o Executivo do cidadão, e eu tenho certeza de que vai aproximar o Executivo dos movimentos sociais, que são aqueles que deram sustentação à vitória do companheiro Lula e que vão dar sustentação a esta gestão, a este Governo.

Esse é um aspecto importante e fundamental do nosso debate. Então, por essa razão, andei, nesse período, desarquivando um Projeto de minha autoria, o qual estabelece aquela semana de setembro como a Semana da Democracia Participativa, que vai possibilitar que esta Casa aprofunde o debate que é um debate atual e fundamental para que a gente compreenda as novas formas que estão-se constituindo na administração da coisa pública. Isso, evidentemente, não invalida e não exclui a participação da democracia representativa, mas representa uma outra forma de democracia que, a meu juízo, é mais avançada, mais progressista e que deveria, sim, ser um elemento a ser incorporado no conjunto dos Executivos estaduais e no Executivo Federal no nosso País. Por essa razão é que, provavelmente, na próxima Sessão, estarei dando entrada ao Requerimento nesta Casa.

Registro aqui, porque penso que é importante, o esforço, que já foi apontado aqui pelo Ver. Raul Carrion, que o Departamento Municipal de Habitação, órgão que já tive a oportunidade de presidir por duas gestões, já fez, tanto no Governo passado, e mesmo com o Governo do ex-Governador Antônio Britto, de construir soluções, no sentido de viabilizar o reassentamento de centenas de famílias, milhares de pessoas que estavam por ser despejadas. Eu me refiro a isso em função da discussão do despejo das famílias do Montepio. O Município sempre se colocou à disposição, sempre foi parceiro e sempre continuará sendo parceiro, pelo menos enquanto estiver esta gestão, este projeto da Administração Popular, uma vez que, fundamentalmente, os nossos esforços estão centrados para as famílias de baixa renda ou sem renda, que são objeto da nossa intervenção. Então, por estas razões, eu queria, de certa forma, tranqüilizar este Plenário, já que foi questionado sobre a participação do Município de Porto Alegre, digamos, nesse esforço de solucionar o problema dessas famílias, e o Departamento Municipal, dentro dos seus limites que são de competência do Município, vai ter todo o empenho. E eu tenho certeza de que a gente vai conseguir evitar mais esse despejo na cidade de Porto Alegre.

Então, estaremos juntos, obviamente, com a Câmara de Vereadores aqui representada pela Comissão de Habitação, a CUTHAB, bem como com a participação do Governo do Estado, que, no Governo Olívio Dutra, teve um papel fundamental, como já foi destacado aqui pelo Ver. Raul Carrion, ao evitar o despejo das famílias do Jardim Protásio Alves, do Unidão e outras tantas famílias que estavam sob pena de serem despejadas. Então, esse é o esforço que o Município vem fazendo de construir uma política habitacional em Porto Alegre, que fundamentalmente beneficia as pessoas de baixa renda. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Sou grato Ver. Carlos Pestana. O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Grande Expediente serve exatamente para isso, para este debate de idéias aqui e, às vezes, eu fico imaginando a grande separação que tem que haver entre Governo e Partido. Quando um partido tem propostas, tem projetos, e ele chega no Governo, ele deve de qualquer maneira, especialmente nos dias de hoje, se adaptar a toda uma sociedade, porque os eleitos não são eleitos do partido, eles são de toda a sociedade. A imposição uníssona de uma excelente idéia do Orçamento Participativo, que ficou contaminado ideologicamente, que ficou como uma claque, que bate palmas a todos os tipos de iniciativa, e  como nos programas de auditório, todos eles passam a ter o uníssono e, como diria o saudoso Nelson Rodrigues, “a burrice das unanimidades”, nós vimos quantas vezes este auditório lotado de pessoas do Orçamento Participativo, que recitavam num coro só todos os slogans e todas as criações que defendiam o Orçamento contra a sua legalização.

Então, esses dois motivos são fundamentais. Não pode ser do Partido dos Trabalhadores o Orçamento Participativo. Pergunto aos organizadores do Orçamento Participativo quantos partidos outros participam do Orçamento Participativo? E a pergunta é feita, exatamente, no sentido da abertura que, muitas vezes, é, no Brasil, aberta, disseminada a idéia através das leis. Então, a sua legalização não seria um absurdo contra a espontaneidade e a natureza dos procedimentos que a sociedade faz. Não, o seu balizamento, muitas vezes, pode ser feito pela lei e aí, então, sim, todos os outros partidos participariam e aí ele seria muito mais democrático. Essa visão de que há uma profunda necessidade de separação entre a idéia de Estado e a idéia de partido, ao mesmo tempo, nos leva a um outro raciocínio, de que é também fundamental em qualquer passo, de qualquer país da contemporaneidade, a coalizão. E aí rasgamos todos os conceitos de aproximação e de separação entre Estado e partido, que assume a hegemonia do Estado, mas que vai comandar também outras pessoas que não são do seu partido, e, em geral, a maioria das pessoas não é do partido.

Então, fica esse paradoxo entre a necessidade de uma governabilidade, que precisa da coalizão, que precisa da união de todos os partidos. E, hoje, o Presidente Lula, numa demonstração de serenidade, de competência, e que tem que receber todos os elogios da Nação, pede, com humildade; pede, com postura, com dignidade a chegada do PMDB ao Governo para haver governabilidade, para haver a Reforma. Porque a Reforma não se faz em um ano, nem em dez anos. Esta Reforma vem sendo feita com a Reforma Monetária, depois a Reforma do Estado, ficou para trás a metade da Reforma do Estado, e é preciso seguir nesta reforma. Então, nós temos hoje a necessidade de modificar a Lei Eleitoral; nós precisamos modificar a Constituição, no que diz respeito aos partidos políticos. Nós precisamos modificar o processo fiscal inteiro, o tributário, e nós precisamos modificar o processo previdenciário, como seqüela ainda de todo esse processo de reforma de um Estado que ainda se mantém obeso e incompetente, impotente. Pois é essa herança que o Presidente Fernando Henrique teve, que Lula tem e que todos os administradores têm, e o PT, que hoje é situação, está-se defrontando com esse debate. Eu acho que deve ter uma fórmula, inclusive, pela heterogeneidade do País, das suas múltiplas regiões, pela forma deformada com que 70% da nossa população se aninha naquele convexo do Litoral. Pela forma com que dezessete capitais brasileiras estão nesta convexidade e abandonando uma parte imensa do seu território, e 30% das pessoas, nesta parte e 70% na outra, fazem com que o Brasil, hoje, com cinco mil e quinhentos municípios necessitem, em cada município, de um democracia direta sim.

Eu não sei se o Ver. Carlos Pestana conhece um livro chamado o Futuro da Democracia, escrito por uma das melhores canetas deste mundo, que é Norberto Bobbio. No primeiro capítulo do Futuro da Democracia, ele começa dizendo o seguinte: “Rousseau dizia que se os deuses habitassem a terra, a democracia seria direta; mas, pelas imperfeições do ser humano a representação é indispensável.” Não que representação seja a única forma de democracia, mas se houver uma democracia direta, também é muito bom. Já na antiga Roma os plebiscitários sabiam e eram consultados.

Então, por isso nos parece que mesmo com uma atitude plebiscitária, uma atitude mais ampla, mesmo com a participação da comunidade no seu orçamento, nós precisamos evoluir. O mérito do Partido dos Trabalhadores foi dar início a um processo de participação democrática direta, que é muito bom, mas que não pode ter a contaminação ideológica. Que todas as correntes tenham participação e que não podem mais ser representadas, muitas vezes, por verdadeiros munícipes que diziam sempre as mesmas coisas, com uma idéia tacanha, onde a abertura das idéias, onde essa, muitas vezes, pretensa divisão da sociedade seja alguma coisa de ruim, não! O que não pode é ter dono o Orçamento Participativo. Ele não pode ser a marca de um partido. Ele tem que ser a marca de uma sociedade, porque até Porto Alegre não merece ter um carimbo que não seja a nossa “mui leal e valerosa.” Esse carimbo é muito bonito. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra em Grande Expediente. Ausente. O Ver. Darci Campani está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. DARCI CAMPANI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores presentes neste Grande Expediente, me alegra ver o Ver. Cláudio Sebenelo construindo um projeto, ou, pelo menos, reconhecendo a importância da democracia direta, da democracia participativa.

O Ver. Cláudio Sebenelo tem o seu Partido - que já teve nos quadros do seu Partido, oito anos, Vice-Governador do Estado do Rio Grande do Sul; oito anos na Presidência da República e está, de novo, como Vice-Governador do Estado do Rio Grande do Sul e, até agora, não conseguiu apresentar para a sociedade gaúcha e, muito menos brasileira, um processo de democracia direta.

Então, eu acho que as duas formas de representação, conforme o discurso, aqui, do Ver. Cláudio Sebenelo, acho que foi bom, brilhante no sentido de que não existe contraposição. Existem formas de representação e uma forma enobrece a outra. A participativa, a representativa são formas complementares de democracia e uma enobrece a outra. A participativa e a representativa são formas complementares de democracia. Nós não podemos viver em eterna assembléia-geral para a decisão dos encaminhamentos da nossa Cidade, do nosso Estado, do nosso País.

O próprio Orçamento Participativo é uma forma de o cidadão diretamente eleger os seus representantes; então, também tem uma outra forma de participação que não é tão direta. Ela tem uma forma um pouco mais direta, uma forma mais estruturada, diretamente da população que participa num determinado processo de construção do orçamento do órgão Executivo. Nós apresentamos para a sociedade a nossa proposta de organização.

Fica o desafio para o PSDB, do Partido do Ver. Cláudio Sebenelo dizer, apresentar como é que ele construiria um processo de democratização, uma democracia participativa, na gestão dos órgãos públicos, na gestão do Executivo. A questão da legalização do OP é que realmente é uma questão de conceito. Para nós, o OP é uma forma de o Executivo fazer uma consulta, e me marco com essa discussão desde 1995, quando já estive nesta Casa. O Executivo tem que ter a liberdade de consultar a população da forma como ele quer. Não tem essa questão de a Câmara impor como é que o Executivo vai consultar a população sobre a questão do Orçamento, como é que ele vai fazer esse processo de democratização do Estado. O Executivo é eleito exatamente para aplicar o seu projeto e ter essa liberdade de ele estruturar o colégio que vai fazer as decisões para encaminhar à Câmara. A Câmara não perdeu nada, em termos de poder, com a existência do Orçamento Participativo. O Orçamento vem para a Câmara e a Câmara vota igual, só que o Executivo tem de ter essa liberdade de consultar previamente a população, e a forma de como a Prefeitura de Porto Alegre, a forma de como o Governo do Estado, na gestão passada optou foi o Orçamento Participativo, porque é o nosso projeto de construção da democracia direta. Infelizmente, Ver. Cláudio Sebenelo, o seu Partido, até hoje, que já esteve oito anos oito anos no Governo Federal, não apresentou qual é a forma de participação direta da população nas decisões do Estado.

Eu quis aproveitar a intervenção do Ver. Cláudio Sebenelo, para que ele não ficasse sem a devida contraposição, mas eu estava pensando e aproveitando os 4 minutos que me faltam, mas a minha intervenção eu queria centrar, e aproveitar a presença aqui do Ver. Beto Moesch, que na semana passada fazia uma discussão do que é o neoliberalismo, que o PT tanto critica, e se a questão da terceirização estaria dentro das políticas neoliberais ou não. Uma política que sabemos que está dentro do neoliberalismo é a privatização. A terceirização não significa privatização, são exatamente contraposições de visão. Na privatização o Estado pega e abre mão do poder de gestão da questão pública. Simplesmente ele privatiza a saúde, ele privatiza o ensino, ele privatiza a iniciativa privada que vai passar a fazer, a executar, deliberar e fazer as políticas que deveriam ser públicas, são públicas, mas gestadas a partir de estruturas privadas. A terceirização significa o órgão público mantendo controle, mantendo o domínio da atividade pública. Pode prestar esses serviços devido a leis que estão aí, as leis que têm as diferenças entre servidores públicos federais, estaduais, municipais, privados. Essas leis são fruto de conquistas que as categorias tiveram perante suas mobilizações, seus movimentos, que, às vezes, para determinada atividade, inviabiliza a atividade pública direta. Então, o órgão público tem de obrigatoriamente continuar a prestação de serviços, mas de uma forma mais racional da qual se utiliza. E não é o PT que está inventando isso. Quando chegamos à Prefeitura, a terceirização já tinha um grande volume; simplesmente é um critério técnico de se resolver o problema de conseguir prestar serviços com a quantidade necessária, com os custos necessários, mas sempre sem a perda do controle de quem faz a atividade. Esta é uma diferença que eu acho que o Ver. Beto Moesch sabe direitinho, conhece; afinal é jurista e sabe as diferenças legais entre privatizar e terceirizar.

Mas, no rol desta discussão, eu gostaria de trazer um assunto que esta Casa pouco abordou, que é a questão da UERGS. E aí tem um parâmetro também para comparar o que significa neoliberalismo e qual a nossa proposta, porque a nossa proposta se diferencia. A diretoria da Universidade Estadual, que estava em pleno mandato, implantando a Universidade, foi deposta por canetaço do nosso atual Governador. Ele simplesmente destituiu uma diretoria que tinha um mandato e que estava implantando as deliberações votadas pela Assembléia Legislativa e simplesmente foram cortadas, tendo em vista a necessidade de o Governo do PMDB de impor a sua linha à Universidade Estadual. Depois acusavam que nós é que estávamos partidarizando o ensino. No ensino, o Governo do Estado simplesmente intervém e retira o Reitor que estava lá, num processo de implantação da Universidade Estadual. Mas o Governo Fernando Henrique pegou toda a parte produtiva, realmente aquilo que interessa à população e onde não privatizou, construiu as tais agências de gestão: Ana, Aneel, Anatel. Isso sim, onde trata a questão econômica, os gestores de uma gestão permanecem durante o Governo seguinte. Então, naquela questão de interesse privado, aí ele acha que realmente tem de intervir, que o Estado tem de manter os seus referenciais. Naquela questão que é educação não, ele acha que tem que ideologizar, tem que fazer a intervenção e entrou o governo, ele quer os cargos todos para ele. Na questão das agências não, ele acha que ali não, onde toca relação com a iniciativa privada ele tem que manter os seus representantes, e esse foi o projeto do Fernando Henrique, o que a gente chama de projeto neoliberal, onde defende as questões privadas, e deixa a questão pública para os seus jogos particulares.

Gostaria também de fazer o debate com o Ver. Cláudio Sebenelo, e que S. Ex.ª, numa próxima vez, assuma esta tribuna e apresente qual é a proposta do seu Partido para a questão da participação direta. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra, por cessão de tempo do Ver. Carlos Alberto Garcia, em Grande Expediente.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, ocupo a tribuna para fazer um alerta sobre o debate que o Ver. Cláudio Sebenelo trouxe para esta tribuna. Ver. Cláudio Sebenelo, o valor da crítica está justamente no conhecimento do objeto criticado. Veja que o que V. Ex.ª trouxe para a tribuna na essência está errado. Por que digo isto? Porque a lógica é a seguinte: nós fizemos o Orçamento Participativo aqui em Porto Alegre para manipulá-lo, operar em cima dessas pessoas que aqui participam. Mas, veja bem, o Orçamento é peça para execução do Executivo. Então, qual é a lógica que informa essa crítica, se poderíamos muito bem ter feito o Orçamento sem consultar ninguém? É óbvio que a estrutura da crítica já está equivocada, porque se quiséssemos manipular e fazer o Orçamento que bem pretendíamos, então não se fizesse o Orçamento Participativo: é nosso direito, nos sentamos todos numa sala, fazemos o Orçamento, mandamos para a Câmara, e tudo está resolvido. Então, ele já tem um erro na essência, a necessidade de fazer algo que não precisa, para, depois, ele mesmo manipular. Então, não tem lógica nessa crítica. O segundo ponto, e digo que é importante conhecer o objeto: tem que participar das plenárias do Orçamento Participativo, e vir aqui para saber como ele se dá. Ele se dá por eleição dos Conselheiros, por eleição de prioridades, por eleição de obras, onde tem a participação de toda sociedade, seja de partido, ou não. Mas, só para informar, já que o preocupa: tem Conselheiros de todos os partidos no Conselho do Orçamento Participativo. Por respeito às pessoas, não vou citar o nome e o partido, mas eu poderia citar, inclusive, um nome do seu Partido, que é conselheiro do Orçamento Participativo, que eu conheço pessoalmente. Inclusive há várias críticas ao OP e à forma como se dá, mas ele é conselheiro e está lá no OP, participa e defende. Há um Vereador que assume a Câmara pelo PPS, antes PMDB, que é Vereador pelo Bairro Ruben Berta, bairro onde moro, inclusive, que é conselheiro do OP, e já assumiu várias vezes esta tribuna pelo PMDB, e agora pelo PPS, para defender o Orçamento Participativo, o que demonstra que tem uma participação, inclusive com Vereadores Suplentes, que são conselheiros do OP em Porto Alegre - só para terem uma dimensão disso. Não é bem essa história de que nós manipulamos e partidarizamos tudo, se há inclusive Vereadores Suplentes que são conselheiros do OP, se há membros do seu Partido que são conselheiros do OP. Depois posso dar-lhe nome e região.

 

O Sr. Darci Campani: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Foi uma das coisas que esqueci de fazer na minha intervenção. Eu tenho cópia de um ofício, de uma Resolução do Diretório Municipal do PDT, da década de 90, em que o Diretório determina que seus militantes têm de intervir no Orçamento Participativo, porque realmente é um instrumento importante de participação, em que está-se disputando espaços públicos importantes. Então o Diretório Municipal do PDT também faz essa intervenção. Sei que o Ver. Wilton Araújo tem no seu gabinete pessoas batendo, defendendo, e vai haver um bom debate dentro do gabinete se o Ver. Wilton Araújo tiver de vir aqui defender contra o Orçamento Participativo, pois a sua assessoria defende o Orçamento Participativo.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Nós temos pessoas do PDT, tem a participação do PMDB, agora do PPS. Eu poderia citar vários exemplos de pessoas, porque é uma participação direta; as pessoas vêm, participam, se articulam, conhecem seu bairro, sua região e são eleitas conselheiras.

Eu pergunto, Ver. Cláudio Sebenelo, se isso não é melhor do que quatro ou cinco técnicos de orçamento, elaborando um orçamento para depois ser revisado por um Prefeito e mandado para o Legislativo. Isso não é melhor? Será que não é melhor trazer-se a população para a participação direta, para discutir a sua cidade, para discutir as suas demandas, para discutir as suas prioridades? O que o Ver. Cláudio Sebenelo efetivamente defende aqui? Qual é a alternativa do OP senão um retrocesso no sentido de novamente ser de forma representativa? Quem é a forma representativa? Por que não a população diretamente? Se não é melhor trazer a população, qual é o medo que teríamos do povo?

 

O Sr. Cláudio Sebenelo: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Marcelo Danéris, eu não defendo, mas muitas vezes também sei o que não fazer. Então, o que eu falei é que há uma contaminação ideológica. Foi isso o que eu disse. E isso talvez seja o óbice maior a ser ultrapassado para que o Presidente Lula, numa outra forma, consiga instalar, não nos cinco mil municípios brasileiros, mas num grande número deles, a idéia do Orçamento Participativo. É essa a crítica. Por isso que eu disse que se tem que separar Estado e partido.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Mas, Ver. Cláudio Sebenelo, eu só acho que V. Ex.ª deveria informar isso ao Vice-Governador, porque não é isso que ele está fazendo. Ele está acabando com o Orçamento Participativo, o que é bem diferente do que V. Ex.ª está falando aqui. E são do mesmo Partido, inclusive eram colegas de Bancada no ano passado, sentavam um ao lado do outro.

 

O Sr. Cláudio Sebenelo: Os Conselhos Regionais de Desenvolvimento são formas, também, de representação e de democracia direta. Os COREDEs.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: O que V. Ex.ª falou agora é totalmente ao contrário do que o seu Vice-Governador, do Partido de V. Ex.ª, ex-colega de Bancada está fazendo. Se o problema era uma contaminação ideológica, estando, V. Ex.as, Vice-Governador, coordenadores disso, por que é que não tiram a contaminação ideológica, então, e não seguem com a participação direta? Em vez disso, jogaram a criança com a água suja, tudo fora. Então era apenas o momento de se retirar a partidarização, de se retirar a contaminação ideológica, e, após isso, colocar um Orçamento Participativo com participação direta desideologizado, despartidarizado - que seria bem melhor. Agora, parece que jogaram a criança com água suja, tudo fora. Então, temos um processo avançado em que tem Vereadores, Ver. Dr. Goulart, como o Vereador - seu colega de Bancada – Isaac Ainhorn que assoma a tribuna para defender, ardorosamente, contra a participação popular. V. Ex.ª veio tratar aqui do PDT. Como eu disse aqui não é um problema, não é uma crise de direção no PDT; é uma crise de identidade. Vocês devem estar aqui ao nosso lado defendendo a participação direta do cidadão e não o contrário. Não podem permitir que o PDT apresente um Projeto, por intermédio do seu Líder de Bancada, que reprime a participação popular, que retira do cidadão o seu direito de participar diretamente, seja por que aspecto for. Se pensam que podem estar partidarizado, ideologizado, então vão disputar isso, efetivamente, e não acabar com o OP, porque aí há um erro: um acerto no mérito e um erro na tática. Acerta no mérito quando querem defender o OP para ele se projetar melhor, e a tática é acabar com o OP. Não podemos fazer esse retrocesso para Porto Alegre; e o PDT não pode assinar isso embaixo. O PDT tem que chamar ao debate a participação direta do cidadão, do controle público, da gestão pública e do Executivo.

Concluindo, Sr. Presidente, e não estar afiançando um Projeto que, efetivamente, acaba com a participação direta da população em Porto Alegre, que já teve essa conquista que não é do PT; é da sociedade gaúcha e da sociedade porto-alegrense. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Elias Vidal está com a palavra em Grande Expediente. Ausente.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 17h54min.)

 

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